Líder do governo acha que Bolsonaro atacar vacinas não afeta sua imagem
Foto: PABLO JACOB / Agência O Globo
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), diz que o presidente Jair Bolsonaro vai manter os questionamentos à eficácia das vacinas contra Covid-19 e minimiza a possibilidade de repercussão eleitoral em 2022 — “o assunto estará superado”, pontua o deputado. Para o parlamentar, os eleitores saberão distinguir a postura pessoal do posicionamento da gestão, que, com atraso, comprou imunizantes.
A posição de Bolsonaro sobre a vacina vai atrapalhar na eleição em 2022, já que a maior parte da população brasileira está imunizada?
Não, porque todas as vacinas foram pagas pelo governo federal. O presidente tem sua opinião e não vai mudar. Este eventual desgaste não vai refletir positivamente nem negativamente, porque o assunto vacina estará superado na eleição. Nós compramos todas as vacinas que foram aplicadas no Brasil. O governo Bolsonaro teve uma postura, e o presidente Bolsonaro teve outra postura. Ele teve serenidade de não impor a sua posição ao governo.
O senhor tomou a vacina?
Eu fui vacinado, porque eu tinha necessidade de viajar e precisava do comprovante.
Mas e se não fosse viajar?
Eu acho que eu não tomaria, porque eu peguei Covid-19 e eu tenho no meu exame a prova da minha imunidade. As pessoas que pegam Covid-19 têm anticorpos contra a doença. (Cientistas afirmam que a vacinação é o método mais eficaz para conter a pandemia e é essencial mesmo para quem já contraiu a doença.)
O presidente voltou a fazer ataques aos ministros do STF. Isso pode ser outro desgaste em 2022?
O presidente, quando se posiciona, é porque estão interferindo nas suas prerrogativas. O Judiciário tem seguidamente se sobreposto aos demais Poderes, como quando paralisou a execução orçamentária. Querem criar uma situação de inviabilizar a reeleição do presidente.
Como vai ser a decisão para a escolha do vice?
O vice é sempre a última peça do jogo, porque ele depende do contexto da eleição e de como os adversários se compõem. Vai ser uma mulher, um negro, um nordestino… É uma decisão tomada 100% em cima de pesquisas.
Mas o presidente diz que não acredita em pesquisas.
Sim, mas eu estou dizendo que isso é a praxe. O presidente Bolsonaro já disse que vai escolher o vice. Então vamos aguardar.
O senhor tem dito que Bolsonaro vai se reeleito. Por que essa certeza?
A conjuntura nacional. O centro vai estar pulverizado em várias candidaturas. Se nós tivermos várias candidaturas, é muito difícil que alguém tenha espaço para chegar à frente de Lula ou Bolsonaro para estar no segundo turno. E, no segundo turno, Bolsonaro é o franco favorito.
O presidente está atrás de Lula nas pesquisas e a aprovação ao governo está na faixa de 20%.
O momento eleitoral vai ser totalmente diferente. Nossos problemas até agora eram economia, pandemia, as pessoas com medo de pegar Covid e morrer. Daqui a um ano, vamos estar discutindo a inflação, que me parece será o tema que vai perseverar. A avaliação do governo vai estar sendo feita sobre outros parâmetros.
Um consenso por uma candidatura da terceira via ameaça a polarização entre Lula e Bolsonaro?
Não haverá consenso. A terceira via depende do espaço que ela tiver para crescer. Lula e Bolsonaro não têm motivos para se atacar no primeiro turno. Se houver uma equação racional de conduta das campanhas, não vejo como a terceira via superar Lula e Bolsonaro.
Não é uma contradição o presidente ter sido eleito na esteira na Lava-Jato e agora criticar seus integrantes?
Ele está atacando seus adversários políticos. (Sergio) Moro e (Deltan) Dallagnol vieram para a política e vão ter que responder pelo que fizeram.
O senhor foi um dos principais alvos da CPI da Covid. Como avalia o desfecho da comissão?
É um relatório muito político e pouco jurídico. Fizeram uma operação para desgastar a imagem do presidente. Eu, como líder do governo, fui muito atacado. Mas não tem nada no relatório para me acusar.
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