Precarização do emprego reduz salário médio do trabalhador

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Foto: Reinaldo Canato/VEJA.com

O mercado de trabalho brasileiro mostrou, em outubro, a mesma tendência dos meses anteriores – refletindo o momento da economia brasileira. A taxa de desemprego caiu no trimestre entre agosto e outubro para 12,1%, contra 13,7% do trimestre imediatamente anterior. Com isso, o número de desempregados ficou em 12,9 milhões de pessoas.

Um dos efeitos do avanço da vacinação e do aumento da circulação de pessoas foi a retomada do emprego. A taxa de desemprego chegou a beirar 16% durante o período mais crítico da pandemia. Porém, a renda do trabalhador proveniente do trabalho está menor, o que espelha a inflação, fantasma que voltou a assombrar o brasileiro no ano. Os dados são da Pnad Contínua divulgada nesta terça-feira, 28, pelo IBGE.

O rendimento real caiu 4,6% na comparação com o trimestre anterior, recuando de 2.566 reais para 2.449 reais. Na comparação frente ao ano anterior, o recuo é ainda maior, de 11%. Além dos efeitos da inflação, a queda no rendimento do trabalhador indica a criação de vagas menos qualificadas que anteriormente. Ou seja, pagam menos e a renda, consequentemente, cai.

“Apesar de haver um crescimento significativo da ocupação, a massa de rendimento permanece estável. Isso acontece porque o rendimento do trabalhador tem sido cada vez menor – seja porque a expansão do trabalho ocorre em ocupações de menores rendimento, seja pelo avanço da inflação nos últimos meses”, diz a coordenadora da Pnad Contínua, Adriana Beringuy.

Na comparação com o trimestre anterior, três categorias de emprego registraram queda no rendimento: empregado com carteira de trabalho assinada (-3,6%), empregado sem carteira de trabalho assinada (-8,9%) e empregado no setor público (-5,8%). Frente ao mesmo trimestre móvel de 2020, as seis principais posições de ocupação tiveram quedas nos seus rendimentos: empregado com carteira de trabalho assinada (-8,0%), empregado sem carteira de trabalho assinada (-11,9%), trabalhador doméstico (-5,1%), empregado no setor público (-10,6%), empregador (-15,0%) e trabalhadores por conta própria (-4,0%).

A queda na taxa de desemprego, mais uma vez, está ligada ao aumento da ocupação. Isto é, há mais pessoas trabalhando agora do que em meses anteriores. No período, o contingente de pessoas ocupadas aumentou 3,6%, o que representa 3,3 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em julho. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve aumento de 8,7 milhões de trabalhadores.

“Essa queda na taxa de desocupação está relacionada ao crescimento da ocupação, como já vinha acontecendo nos meses anteriores. O aumento no número de ocupados ocorreu em seis dos dez grupamentos de atividades, a exemplo do comércio, da indústria e dos serviços de alojamento e alimentação”, afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy. Com esse crescimento, o nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, subiu para 54,6%, o maior desde o trimestre encerrado em abril do ano passado.

A boa notícia é que o aumento na ocupação foi impactado, principalmente, pelo número de empregados com carteira de trabalho no setor privado, que chegou a 33,9 milhões, crescimento de 4,1% frente ao trimestre anterior. Isso significa 1,3 milhão de pessoas a mais formalizadas. “Do aumento de 3,3 milhões de pessoas na ocupação, 40% são trabalhadores com carteira assinada no setor privado. Essa recuperação do trabalho formal já vem ocorrendo nos meses anteriores, desde o trimestre encerrado em julho. Então, embora o emprego com carteira no setor privado ainda esteja em um nível abaixo do que era antes da pandemia, vem traçando uma trajetória de crescimento”, explica a pesquisadora.

Também no setor privado, o contingente de empregados sem carteira subiu 9,5% (ou 1,0 milhão de pessoas). Essa categoria, no trimestre encerrado em outubro, somava 12 milhões de trabalhadores. No mesmo período, o número de trabalhadores domésticos sem carteira cresceu 8,0%, e o de empregadores sem CNPJ, 7,4%. Com isso, a taxa de informalidade chegou a 40,7%, o que corresponde a 38,2 milhões de trabalhadores informais no país.

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