Aproximação com Lula dá relevância a Alckmin no debate público

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Foto: Ricardo Stucker

A aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) para 2022 ainda está no campo das articulações, mas as notícias sobre o assunto já provocaram um efeito: o de “ressuscitar” o ex-tucano no debate público. Com menos relevância no cenário político desde que amargou o quarto lugar nas eleições presidenciais de 2018, Alckmin vive um salto sem precedentes nas menções em redes sociais desde que as informações sobre a negociação para pôr de pé a chapa “Lulalckmin” vieram à tona.

Levantamento feito pela consultoria Bites a pedido do Broadcast Político, mostra como o ex-governador saiu do esquecimento para se tornar “pop”. Em janeiro do ano passado, ele recebeu 11,1 mil menções no Twitter. Em fevereiro, foram 27,9 mil; março, 14,2 mil. Os números seguiram baixos até outubro, quando as menções ficaram em 18,7 mil.

O ressurgimento de Alckmin no ambiente digital ocorreu em novembro, quando começaram a ser publicadas na imprensa as primeiras notícias de que ele poderia ser o vice do petista. Naquele mês, as menções saltaram para 125,4 mil. Em dezembro, quando as articulações se intensificaram e os dois apareceram juntos publicamente pela primeira vez em um jantar, os números mais que dobraram e chegaram a 395,7 mil.

Alckmin também contratou o marqueteiro Henrique Abreu para cuidar de suas redes sociais, especialmente do Twitter, do Instagram e do Facebook. Desde então, o ex-governador tem aparecido descontraído nas plataformas digitais.

“Vocês ficam insistindo nessa história de vice. Vice pra lá, vice pra cá. Sabe onde sou vice há muito tempo? Lá em casa”, postou ele em dezembro, ao lado da mulher, Lu Alckmin, com quem é casado desde 1979.

 

A possível dobradinha com Lula também fez o ex-tucano estancar a perda de seguidores nas redes. Até 3 de novembro do ano passado, 33,2 mil pessoas deixaram de segui-lo, somando Facebook, Instagram e Twitter. Desde então, ele ganhou 18 mil novos seguidores até 31 de dezembro.

“Alckmin havia desaparecido do debate público nas redes sociais, na esfera pública. Ele sai da irrelevância na qual estava afundado desde o fim de 2018 e retoma isso em novembro, quando sai a primeira notícia sobre a possibilidade de chapa. Ele volta a ser procurado, volta a ser mencionado”, analisou André Eler, diretor-adjunto da Bites.

A súbita popularidade fez Alckmin também voltar para as redes sociais. Ele passou boa parte de 2019, 2020 e 2021 sem fazer publicações nas plataformas, aparecendo de forma esporádica. A retomada de alguma regularidade nas postagens veio em meados de outubro do ano passado, quando ele pavimentava candidatura ao governo paulista. As aparições ficaram mais constantes, entretanto, a partir de novembro, apesar de não serem diárias.

O doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marco Konopacki observa que a recuperação da relevância de Alckmin não veio de forma planejada, e, sim, a reboque do interesse do público pelas articulações para a chapa com Lula. O pesquisador nota que, mesmo com a popularidade recém-obtida, o ex-governador não tem uma estratégia para se consolidar nas redes.

“Tem uma frase do Paulo Leminski que diz: ‘Distraídos, venceremos.’ A estratégia do Alckmin nas redes é essa. Ele ganha essa relevância nas redes muito mais por conta da relevância do Lula mexendo no tabuleiro das articulações para as eleições deste ano do que ele, por si só, ser relevante nesse cenário”, afirmou.

Konopacki aponta ainda que o ex-governador não tem histórico de bom uso das redes. Ele lembra que, nas eleições de 2018, a estratégia digital de campanha de Alckmin foi “pífia”, um dos fatores que o teria levado a terminar o pleito com menos de 5% dos votos.

A possível aliança é alvo de críticas de bolsonaristas, que adotaram nas redes sociais a estratégia de relembrar o passado dos dois como adversários para desqualificar uma futura chapa. Já perfis identificados como de esquerda deram tom de recepção à união, com justificativas de que a junção mostrava que todos deveriam se colocar contra o presidente Jair Bolsonaro, além de darem um voto de confiança para Lula pela experiência na articulação política.

Houve também, por outro lado, quem lamentasse e dissesse, em tom de piada, que Alckmin seria um vice pior que a cantora Pabllo Vittar. A esquerda marxista foi a mais crítica à aliança, conforme o monitoramento da Bites.

Estadão 

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