Rússia ameaça EUA com ocupação militar na América Latina
Foto: Russian Defence/PA/Getty Images
As tensões entre Rússia e Estados Unidos voltaram a crescer nesta quinta-feira, 13, após o governo russo dizer que as negociações de segurança entre os países foram um “fracasso” e que há um desacordo contínuo em questões fundamentais.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as duas rodadas de discussões até o momento, em Genebra e Bruxelas, produziram algumas “nuances positivas”, mas que Moscou ainda busca por resultados concretos.
O foco das negociações, que foram transferidas para Viena nesta quinta, estão centradas nas demandas russas para que os Estados Unidos e a Otan encerrem a sua expansão para o Oriente. Em contrapartida, os americanos pedem que a Rússia acabe com a movimentação militar perto da fronteira com a Ucrânia.
Os desdobramentos recentes na região, que já conta com mais de 100.000 tropas em movimento, assustaram Kiev e seus aliados ocidentais, que temem uma eventual invasão.
Em resposta, o governo russo diz que pode controlar suas forças militares dentro de seu território da maneira que quiser e que não tem planos de invadir a Ucrânia.
O país já luta atualmente contra separatistas no leste e teve a Península da Crimeia anexada pela própria Rússia em 2014.
“Dificilmente é possível que a Otan nos dite para onde devemos mover nossas forças armadas no território russo”, disse o porta-voz.
Dentre as exigências feitas pelo Kremlin estão a promessa de que os ucranianos nunca se tornarão membros da Otan e a retirada das tropas de ex-repúblicas socialistas na região da Europa Central e Oriental que aderiram à aliança após a Guerra Fria.
Os Estados Unidos descrevem que os pedidos são complexos, mas que está disposto a chegar a um acordo sobre o controle de armas e construir uma relação de confiança.
No entanto, o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, que liderou as conversas em Genebra, aumentou o tom e disse que a Rússia não descarta a possibilidade de enviar recursos militares para Cuba e Venezuela, países mais próximos dos Estados Unidos.
Em entrevista à mídia russa, Ryabkov disse que “tudo depende dos americanos”, acrescentando que o presidente, Vladimir Putin, alertou que pode tomar medidas militares caso a expansão da Otan para o Oriente continue.
Em coletiva de imprensa, o porta-voz do Kremlin disse ainda que pode haver uma ruptura completa das relações entre Washington e Moscou caso os Estados Unidos vá adiante com a aplicação de sanções contra Putin e outros líderes civis e militares russos.
As medidas, previstas por senadores democratas, também teriam como alvo as principais instituições financeiras do país. Peskov criticou as propostas e as tratou como uma tentativa de aumentar a pressão sobre a Rússia durante as negociações, algo que não funcionaria.
A crescente tensão entre as duas potências mundiais tem ligado o sinal de alerta no mundo.
O ministro das relações exteriores polonês, que assumiu o cargo de presidente em exercício da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mediadora das negociações, disse que o risco de guerra na região é o maior dos últimos trinta anos.
“Durante várias semanas, enfrentamos a possibilidade de uma grande escalada militar na Europa Oriental”, disse.
“Devemos nos concentrar em uma resolução pacífica do conflito dentro e ao redor da Ucrânia”, completou, pedindo “pleno respeito à soberania e à integridade territorial dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
Em resposta, a Rússia disse que tomaria medidas para defender sua segurança nacional, se necessário.
Por sua vez, os Estados Unidos disseram que não esperam um avanço concreto na nova rodada de negociações prevista para essa quinta.
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