Presidente do PT tenta conter revolta da esquerda do partido
Foto: Alessandro Dantas/PT/Divulgação
As articulações de Lula da Silva para ampliar apoios na centro-esquerda e no centro estão gerando uma revolta na esquerda petista. Minoritária na executiva partido, mas influente na militância, a esquerda reclama de não ter sido ouvida na escolha de Geraldo Alckmin como possível candidato a vice, do recuo da proposta de revogação da reforma trabalhista (que virou uma “revisão”) e das negociações para formar uma federação com o PSB. A esquerda não deve ganhar em nenhum desses pontos, mas depois de tantos gestos para fora do partido, Lula possivelmente vai agora modular o discurso para os militantes.
O exemplo do incômodo da esquerda petista foi a entrevista da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, no site Manifesto Petista, na sexta-feira à noite (04/02). Perguntada por políticos experientes, como seus antecessores no partido Rui Falcão e José Genoino, Hoffmann foi prudente. Símbolo do radicalismo para quase todo o establishment, ela foi acusada de “ceder demais”.
Na entrevista por zoom, ela ouviu perguntas como: “com uma conjuntura eleitoral tão favorável, por qual motivo o PT deveria fazer tantas concessões?”, “Por quais motivos o PT deveria montar uma federação e nos amarrar por 4 anos com o PSB (que defendeu o impeachment de Dilma Rousseff)?”, “Por que entregar da vice para ‘a direita golpista e neoliberal’?”. A resposta de Hoffmann foram variações sobre a necessidade de eleger Lula. Em texto, o dirigente da esquerda petista Valter Pomar ironizou: “Pelo visto, basta agora apoiar Lula para nós aceitarmos virar a página e olvidarmos os malfeitos, como se os problemas fossem apenas passados e não também presentes e futuros”.
Ao longo da entrevista, Gleisi Hoffmann realçou o tom de esquerda do programa Lula com os seguintes exemplos:
· Revisão da reforma trabalhista
· Mudança na política de preços da Petrobras
· Fim das privatizações
· Estado forte
· Política fiscal ampliada com “capacidade de investimento que gere empregos dê proteção social”
· Fim do teto de gastos
Disse Hoffmann aos petistas: “Nosso programa de governo será um contrato com o povo. Esse contrato tem que estar claro. Não pode ser um contrato amaciado para fazer aceno ao mercado. O que temos de fazer no Brasil, não passa pela vontade do mercado, mas pela necessidade do povo. Isso é que dá um alinhamento (para as alianças)”.
Ela ainda colocou dúvidas sobre o convite a Alckmin, “que abriu um espaço para a gente (para a candidatura de Fernando Haddad a governador) em São Paulo”. “A escolha vai ser feita pelo encontro do PT. Vai ter gente contra, gente a favor. Pode até ser outro nome, dependendo do arco de alianças que a gente construir”, disse Gleisi Hoffmann. Como Lula quer Alckmin como seu vice, esse é um assunto superado.
As pressões que Gleisi Hoffmann recebeu, no entanto, são relevantes. Mostram que os militantes que permaneceram fiéis quando ser petista era o sinônimo de ser suspeito de corrupção querem mais do que apenas a satisfação de eleger Lula. Vão querer um governo menos parecido com o de 2003.
Na quinta-feira (10/02), o PT completa 42 anos e Lula fará um discurso por videoconferência para a militância. Deve ressaltar algumas propostas mais caras à esquerda, como o fim da paridade de preços dos combustíveis com o mercado internacional. “Acho que o acionista de Nova Iorque, os acionistas do Brasil têm direito de receber dividendos, quando a Petrobras der lucro. Mas, é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro. Eu não vou enriquecer o acionista americano e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga um preço mais caro por conta do preço da gasolina¨, disse o candidato em entrevista a rádios do interior do Paraná na quinta-feira (03/02).
Assinatura
CARTA AO LEITOR
O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.
No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.
O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.
O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog
FORMAS DE DOAÇÃO
1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br
2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única
DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf
DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf