Terceira via tem cada vez mais candidatos
Quando a direita se divide, a esquerda ganha. Essa é a história das eleições presidenciais brasileiras desde a redemocratização do país em 1985, depois de 21 anos de ditadura militar.
Por ora fragmentada, a direita promete unir-se até julho ou agosto em torno de um candidato nem Lula, nem Bolsonaro. Enquanto isso, ela se esmigalha mais um pouco. Faz sentido?
Deve fazer. Gaúcho sem bigode não é gaúcho, debocham bolsonaristas nas redes sociais. Eduardo Leite, gaúcho sem bigode, está pronto para entrar em campo e enfrentar o preconceito.
Dentro do PSDB, dá-se por perdido o passe dele. A ala do PSDB que torpedeia a candidatura a presidente de João Doria contava com Leite para reconstruir o partido depois da eleição.
Com ou sem bigode, o governador gaúcho era a esperança de evitar o naufrágio definitivo do PSDB caso Doria fosse derrotado. É jovem, inteligente e transita entre as velhas e futuras gerações.
Por jovem, ainda lhe falta experiência. Mas nada que não pudesse adquirir até as eleições de 2026. Leite estará então com 40 anos, e o PSDB sem os atuais caciques que só o atrapalham.
Leite, porém, encantou-se com a possibilidade de apressar o que poderia lhe cair no colo por gravidade. Deixará o governo e o PSDB antes de abril para disputar a presidência pelo PSD.
Há quem aposte, como Gilberto Kassab, dono do cartório do PSD, que Leite poderá tornar-se rapidamente um fenômeno eleitoral. É o que pensavam os que bancaram a candidatura de Sérgio Moro.
Ao invés de emagrecer, a terceira via engorda para satisfação de Lula e de Bolsonaro – um ainda lá nas alturas, o outro nos cascos para crescer. Não será fácil fazer uma bariátrica na terceira via.
Nas duas vezes em que Lula e Dilma se elegeram e se reelegeram, no primeiro turno foram derrotados pela soma dos votos dos candidatos do centro; no segundo turno, venceram.