Haddad e França prometem entrar em acordo até abril

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Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Um acordo entre o ex-governador paulista Márcio França (PSB) e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) só deve ser selado entre março e abril, informam fontes próximas dos pré-candidatos ao governo de São Paulo e dirigentes dos dois partidos.

França e Haddad deram declarações públicas na semana passada em que confirmaram a intenção de se unirem em uma candidatura única no Estado de São Paulo. Nos bastidores, no entanto, nem um nem outro tem pressa de tomar essa decisão.

O prazo estimado tanto no entorno de França quanto no de Haddad é de pelo menos um mês para que se chegue a uma decisão – podendo atingir dois meses, ou seja, em abril.

A escolha do candidato dos partidos em São Paulo faz parte de uma negociação nacional entre PSB e PT, que inclui a possibilidade de as duas legendas formarem uma federação partidária.

Nessa configuração, de federação, PSB e PT firmariam perante a Justiça Eleitoral um acordo com duração mínima de quatro anos e ficariam obrigados a agir como um só partido, ou seja, a lançar um só candidato a governador em cada Estado.

O prazo para oficializar as federações é 31 de maio, mas dirigentes partidários dizem que querem ter tudo amarrado até abril, quando fecha a janela partidária. A ideia é que eventuais descontentes com a união tenham a opção de trocar de partido dentro da janela, sem sofrer punições.

Mesmo que a federação partidária não vingue, PSB e PT podem fazer uma aliança comum e lançar um só candidato em São Paulo. A chance de isso acontecer, porém, é considerada mais remota. O interesse dos dois partidos em formar a federação é sinalizar ao eleitor uma unidade nas esquerdas.

Há muito a ser conversado ainda, no entanto, para selar a união. França e Haddad discordam sobre os critérios para escolha do candidato ao governo de São Paulo. França quer que sejam usadas pesquisas de intenção de voto. Já Haddad defende, no caso de haver a federação, que se faça um processo de prévias, com voto dos filiados.

Haddad está a frente de França nas pesquisas recentes. Apesar disso, o ex-governador argumenta ter um desempenho melhor nas simulações de segundo turno. Haddad contra-argumenta que, antes de tudo, é preciso ter votos suficientes no primeiro turno para disputar o segundo turno. O oponente de França e Haddad é o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que assume o Estado em abril, quando João Doria (PSDB) sai para disputar a Presidência.

França e Haddad preparam discursos bem diferentes também para se colocar como alternativa ao governo do PSDB na campanha. França, que já foi governador do Estado e perdeu para Doria por pouco em 2018, tem um tom muito crítico e pessoal em relação ao tucano. O político do PSB se prepara para atacar pontos como a condução econômica do Estado, com destaque, por exemplo, para o aumento de impostos promovido por Doria.

Já Haddad quer investir em uma campanha nacionalizada – atrelada à figura e às propostas do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o país. Haddad acredita ser o melhor nome para encarnar a oposição ao PSDB no Estado, posição em que o PT sempre esteve, ao contrário do PSB, que foi por anos aliado aos tucanos.

Valor Econômico