Indígenas criticam Bolsonaro por autocondecoração

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A coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sonia Guajajara, afirmou ser inaceitável a homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por “serviços relevantes aos povos indígenas”. A medalha de mérito foi concedida pelo ministro da Justiça, Anderson Torres.

Nas redes sociais, ela afirma que, na gestão de Bolsonaro, os indígenas estão “totalmente desprotegidos e sob constantes ataques em seus territórios”. Entre outras pautas, o presidente Bolsonaro defende a exploração de minério em terras demarcadas.

Ministro da Justiça concede medalha do mérito indigenista a Bolsonaro Condecorado com medalha, Bolsonaro já disse que indígena é ‘pobre coitado’ A militantes, Bolsonaro cita pedofilia para atacar o PT Na semana passada, Bolsonaro usou como pretexto a guerra entre a Rússia e a Ucrânia para acelerar a votação de um projeto de lei que libera a mineração em áreas indígenas. Em discurso, o presidente afirmou que os indígenas são “praticamente como nós”.

Se já não bastasse todos os retrocessos que estamos enfrentando, mais uma vez esse des-governo truculento acaba de criar mais um, uma medalha ao mérito a Jair Messias Bolsonaro e aliados, por seus “relevantes” serviços aos povos indígenas. Absurdo!

Em 2014, Bolsonaro declarou que “índio é pobre coitado”. Sonia acrescentou que a Apib vai entrar com uma ação judicial para anular a medalha. “É totalmente inaceitável”.

Outros ministros do governo Bolsonaro também receberam a Medalha do Mérito Indigenista —além do próprio Torres (Justiça), a medalha foi concedida a Walter Braga Netto (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Direitos Humanos) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura).

Criada em decreto de 1972, a homenagem é dada “como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas”. Entre os recipientes anteriores, estão o cacique Raoni, o primeiro deputado federal indígena, Mário Juruna, e o sociólogo Darcy Ribeiro.

Bolsonaro também já foi denunciado duas vezes pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) pelo que chamaram de “política anti-indígena”. Entidade dos povos indígenas denuncia Bolsonaro pela 2ª vez

Em agosto de 2021, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil apresentou uma queixa ao TPI (Tribunal Penal Internacional) por crime de genocídio e crimes contra a humanidade contra os povos indígenas. Quatro meses depois, uma segunda denúncia foi submetida contra Bolsonaro após avanço do desmatamento e da invasão de terras indígenas por garimpeiros.

No novo texto, a Apib, a Comissão Arns e o Coletivo Advocacia em Direitos Humanos trazem dados sobre episódios como a morte de duas crianças ianomami, que foram sugadas por uma draga operada ilegalmente no rio de sua comunidade, além do assassinato de dois indígenas dos povos isolados Moxihatëtëma por garimpeiros e a morte de um jovem indígena decorrente de atropelamento causado por um avião do garimpo ilegal.

Paralelamente, há apresentação de atos de Jair Bolsonaro que explicitam sua política anti-indígena, como a visita presidencial a uma região de garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e os constantes acenos à ampliação do garimpo em terras indígenas.

Trecho da denúncia assinada por Apib, a Comissão Arns e o Coletivo Advocacia em Direitos Humanos Desvio de vacinas contra covid-19 para garimpeiros Na petição da Apib, as organizações ainda apontam para a alta taxa de mortalidade entre os indígenas durante a pandemia da covid-19. Segundo eles, o índice chegou a ser até 150% mais elevado do que entre os não indígenas.

Para os grupos, isso está relacionado ao desvio de vacinas destinadas a esses povos para garimpeiros em troca de ouro. Os fatos foram revelados pela CPI da Pandemia. “A APIB imputa ao presidente Jair o cometimento do crime de genocídio contra os povos indígenas brasileiros e de crimes contra a humanidade”, dizem as entidades.

UOL