Barroso reage a Bolsonaro e critica ditadura sem citar o presidente
Foto: Antonio Augusto/secom/TSE
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso usou ontem sua conta no Twitter para criticar a ditadura militar. As mensagens foram publicadas após o presidente Jair Bolsonaro elogiar o golpe de 1964, em cerimônia no Palácio do Planalto.
“Você sabia que muitos brasileiros foram para o exílio para escapar da violência política? Essa é a história. Você sabia que durante a ditadura todas as músicas, todos os filmes e todas as novelas tinham que ser previamente submetidos ao Departamento de Censura? Você sabia que os jornais tinham censores nas redações decidindo o que podia ser publicado? Essa é a história”, escreveu o ministro. “Você sabia que durante a ditadura as eleições foram canceladas, o Congresso foi fechado, parlamentares e professores foram cassados e estudantes proibidos de se organizarem?”
Por fim, Barroso falou sobre o período democrático. “Você sabia que desde 1988 temos o mais longo período de estabilidade institucional da vida brasileira? Que durante o período democrático o País conseguiu, finalmente, um mínimo de estabilidade monetária? E que todos os indicadores sociais do País melhoraram. Essa é a história”, tuitou o ministro.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também usou as redes sociais para falar sobre os 58 anos do golpe militar. Diferentemente do que defendeu Bolsonaro e as Forças Armadas em suas manifestações, a Justiça Eleitoral se posicionou para “celebrar e reafirmar a importância e a fundamentalidade do patrimônio democrático, da liberdade das cidadãs e dos cidadãos e do estado democrático de direito”.
Questionado por jornalistas no Supremo, o presidente do TSE, Edson Fachin, disse que a opinião dele sobre o caso já havia sido manifestada pelo perfil oficial da Corte no Twitter.
Na véspera do aniversário do golpe militar, Bolsonaro, em evento em Parnamirim (RN), já havia radicalizado o discurso. “Pode ter certeza, por ocasião das eleições, que os votos serão contados. Não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos”, declarou o presidente, em referência indireta aos ministros Barroso, Fachin e Alexandre de Moraes, do STF e do TSE.