Após o que Bolsonaro fez com Silva e Luna, ninguém quer Petrobras
Foto: André Motta de Souza / Agência Petrobras
Os nomes mais cotados para a presidência da Petrobras têm externado uma preocupação em comum: não querem se transformar num “novo Silva e Luna”.
Convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para a presidência da estatal em fevereiro de 2021, o general Joaquim Silva e Luna foi fritado publicamente pelo próprio Bolsonaro em meio aos reajustes nos preços dos combustíveis. Em 28 de março deste ano, o governo anunciou que iria trocar o comando da empresa.
O indicado na ocasião, o economista Adriano Pires, desistiu da indicação na última segunda-feira (4).
Assessores presidenciais reconhecem que a postura de Bolsonaro cria dificuldades nas sondagens de nomes que podem ser escolhidos para comandar a estatal.
Segundo esses assessores, o estilo do presidente, de falar abertamente as queixas em relação a subordinados, não poupando de críticas, faz com que nomes do mercado digam “não” ao governo. Principalmente no último ano do mandato atual do presidente.
Segundo o blog apurou, alguns nomes que chegaram a ser sondados externaram exatamente essa preocupação, sinalizando que dificilmente aceitariam um eventual convite.
Reforçaram, ainda, que no cenário atual a possibilidade de mudança na política de preços da estatal é praticamente zero, já que o país importa uma parcela significativa de gasolina e diesel que consome.
Se o preço lá fora destes combustíveis fica mais caro do que dentro do país, os importadores simplesmente desistem de trazer os produtos para cá, gerando risco de desabastecimento.
Bolsonaro tem criticado a Petrobras pela regra atual de reajuste do preço dos combustíveis. Foi o que definiu a decisão pessoal de trocar Joaquim Silva e Luna, colocado por ele na Petrobras com a expectativa de que o general da reserva mudasse o modelo em vigor. Silva e Luna frustrou as expectativas do presidente e acabou sendo fritado publicamente por Bolsonaro.
Por sinal, se o governo não conseguir encontrar os nomes para comandar o Conselho de Administração e a presidência da Petrobras, Joaquim Silva e Luna pode permanecer à frente da estatal por mais tempo.
O governo espera escolher os novos nomes antes da assembleia da estatal, marcada para o dia 13 de abril, mantendo o roteiro inicial de, na semana que vem, já ter um novo presidente à frente da empresa. Mas há quem defenda, dentro do governo, um adiamento, para evitar uma escolha sob pressão do tempo, criando o risco de convidar um nome que não seja o ideal.