
Alckmin quer desarmar população que Bolsonaro armou
Foto: CRISTIANO MARIZ/Agência O Globo
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), indicado pelo partido ao PT para ocupar a vice na futura chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu hoje a implementação de um processo de desarmamento da população civil e a criação de um Ministério da Segurança Pública dotado de uma “guarda nacional permanente” como medidas para uma política de redução dos índices de criminalidade e violência no país. O armamento da população civil é uma das bandeiras ideológicas do atual presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, que tem implementado medidas para facilitar o acesso de civis a armamentos.
“Tá mais do que provado em estudos, que as armas são a principal causa de violência. O que é que hoje a gente está tendo nos semáforos? Vem lá um bandido com revólver e põe na cabeça da pessoa. As armas se proliferaram”, afirmou Alckmin.
“As armas estão com acesso muito mais fácil e nós precisamos ter com arma a Polícia, que existe para proteger a população e ela é preparada para isso”, disse o ex-governador, que deixou o PSDB, partido que ajudou a fundar, para embarcar no projeto político de Lula filiado ao PSB.
“Arma às vezes é um risco. Eu me lembro de um médico que gostava de arma, andava armado e estava em um domingo na zona rural em um bar. Entrou uma pessoa, falaram que ela tinha roubado uma caminhonete e ele, armado, deu voz de prisão para o bandido. O que aconteceu? Tinha outros dois lá fora e ele foi assassinado na hora”, afirmou o ex-governador.
“Eu sou favorável à criação do Ministério da Segurança Pública. Segurança pública é uma preocupação no mundo todo, é uma preocupação especialmente na América Latina e no Brasil, em razão da violência”, disse Alckmin durante live promovida na noite desta terça-feira pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) e da qual participaram o advogado e presidente da entidade, Walfrido Warde, e o secretário de Segurança do município de Diadema (SP), Benedito Mariano.
“Defendo também a criação de uma guarda nacional de caráter permanente para proteger vidas, salvar pessoas e trazer mais segurança para a população brasileira”, afirmou o provável vice de Lula.
“A terceira causa de morte no Brasil não é doença, são as chamadas causas externas e entre elas desponta muito fortemente no Brasil a questão dos homicídios”, disse Alckmin. “Então eu entendo que é muito importante sim ter um ministério voltado especificamente para a questão da segurança pública e fazendo uma boa parceria”.
Alckmin disse também que é favorável “à presença dos municípios, as Guardas Civis podem ajudar muito na prevenção primária na Polícia de proximidade, na polícia comunitária, pode dar contribuição muito grande.” Segundo o ex-governador e provável vice na chapa do PT, “muitos dos problemas que acabam na Polícia São sociais, então [é preciso] agir nas causas da violência, trazer o policial para ser o protagonista”.
Alckmin também defendeu que o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) do Ministério da Justiça pague gratificações a policiais.
Durante a live, Alckmin teve espaço para divulgar ações feitas em suas gestões frente ao governo paulista. Ele comandou o Estado por quatro mandatos a partir de março de 2001, quando o então governador Mário Covas (PSDB) morreu em decorrência de um câncer e Alckmin, então vice-governador, ascendeu à chefia do Executivo estadual.