Mantega tenta retificar elogio ao governo Bolsonaro
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega enviou uma mensagem à coluna para explicar seu posicionamento em relação ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Na segunda (18), em um almoço com empresários organizado pelo grupo Esfera Brasil, Mantega disse que o BC do governo de Jair Bolsonaro é melhor que o do ex-presidente Lula (PT).
O comandante da autoridade monetária, afirmou Mantega, agiu certo ao baixar a taxa de juros na atual crise econômica —ao contrário de Henrique Meirelles, que presidia o BC no governo Lula e aumentou os juros na crise de 2008.
Mantega explica que fez uma comparação “meramente pontual entre 2008 e 2020”. “Não estava comparando a gestão dos BCs como um todo. De fato, Meirelles conseguiu manter a inflação sob controle de 2003 a 2010”, pontua o ex-ministro.
“Eu fiz um elogio à gestão do Roberto Campos em 2020 pela redução da taxa de juros e aumento do crédito para combater a crise da pandemia, em contraposição ao Meirelles que em 2008 demorou para baixar os juros”, afirma ele.
“Critiquei a atuação do BC em 2021/22 pela elevação excessiva da taxa de juros, numa economia que não tem inflação de demanda. Disse também que essa taxa de juros excessiva iria frear a economia e produzir um pagamento de juros em 2022 de cerca R$ 900 bilhões.”
Mantega foi o mais longevo comandante da economia na história do Brasil, ocupando Ministério da Fazenda (hoje da Economia) de março de 2006 a janeiro de 2015, nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Antes, ele presidiu o BNDES, na primeira gestão do petista.
Hoje, ele integra o grupo de economistas que colaboram na elaboração do programa de governo do PT.
No almoço, organizado na casa de João Carlos Camargo, presidente do Esfera Brasil, Mantega foi questionado por um dos empresários se, em outubro, o país teria que escolher entre o socialismo e o capitalismo.
Ele respondeu que não, lembrando que os governos do PT fizeram concessões e parcerias público-privadas. Mantega afirmou ainda que o Lula de 2022 é o mesmo que venceu as eleições presidenciais em 2002, e que governou por oito anos mostrando que não radicaliza suas posturas.
Folha de SP