Bolsonaros e Weintraubs entram em guerra
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), ofendeu o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, nesta sexta-feira, depois que os irmãos criticaram o indulto a Daniel Silveira (PTB-RJ), parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão.
“A gente tá (na) guerra e o cara me falando em precedente, como se nunca um corrupto tivesse recebido indulto e agora o instrumento tenha sido utilizado para seu fim: soltar um inocente. E quem fala são os irmãos que saíram do país para se livrar desta perseguição. São uns filhos de uma puta! Desculpa, mas não há outra palavra”, escreveu o deputado de São Paulo em sua conta no Twitter.
Embora Eduardo repreenda os irmãos por terem saído do país, Abraham Weintraub foi para os Estados Unidos após deixar o ministério da Educação, em junho de 2020, para ocupar um cargo de diretor-executivo do conselho do Banco Mundial indicado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. Na época, o ex-titular da pasta era alvo de uma série de polêmicas envolvendo o governo federal, especialmente depois de ter defendido a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os chamado de vagabundos em vídeo da reunião ministerial de 22 de abril.
A publicação de Eduardo Bolsonaro com ofensas aos ex-aliados do mandatário foi feita em resposta a uma fala de Arthur Weintraub que mencionava a criação de “precedentes” a partir do indulto dado a Silveira.
“Os precedentes que estão sendo criados são péssimos. Depois você vai querer comparar o que aconteceu com o Daniel com um cara lá na frente que tiver (condenação por) corrupção, lavagem de dinheiro, falar ‘não, isso aqui também, já tem o precedente’. É impressionante, nunca pensei que ia ver uma coisa dessas”, disse o ex-assessor em transmissão compartilhada por Eduardo.
As críticas são em relação ao decreto editado pelo presidente nesta quinta-feira que concede a graça a Silveira, instrumento que funciona como um perdão da pena. O parlamentar foi condenado pelo STF por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte.
Nesta sexta-feira, o chefe do Executivo defendeu que a medida foi importante não “pela pessoa que estava em jogo”, mas pelo “simbolismo” da “garantia da nossa liberdade”.
— Ontem foi um dia importante para o nosso país. Não pela pessoa que estava em jogo. Ou por quem foi protagonista desse episódio. Mas o simbolismo de que nós temos, mais que o direito, nós temos a garantia da nossa liberdade — disse o presidente, durante cerimônia em Porto Seguro (BA).
O Globo