Paulinho pede para Lula manter reforma trabalhista
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Ao declarar apoio do Solidariedade ontem à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente nacional do partido, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP), fez uma crítica indireta à estratégia de comunicação do petista e recomendou ao ex-presidente “esquecer” a defesa da reforma trabalhista durante as eleições.
Segundo Paulinho, o momento é de ampliar apoios. A defesa da reforma não deve ajudar Lula a conquistar setores além da esquerda, que já estão com o ex-presidente.
“Acho que temos perdido tempo com algumas coisas. Uma vaia dali, uma internacional dali, reforma trabalhista. Esquece essa história de reforma trabalhista, ganha a eleição e eu resolvo com o (vice-presidente da Câmara ] Marcelo Ramos (PSD-AM) em dois meses. Você ganha a eleição e até abril do ano que vem nós resolvemos a situação dos trabalhadores do Brasil”, afirmou Paulinho durante discurso.
No mês passado, o parlamentar, que é dirigente da Força Sindical, foi vaiado durante um evento de sindicalistas com Lula e petistas.
Paulinho convidou os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), além do vice-presidente da Câmara Marcelo Ramos (PSD-AM). Também foram convidados os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e David Alcolumbre (União Brasil-AP), mas não compareceram.
“Precisamos juntar forças. Por isso, Lula, nossa confiança de que você vai reconstruir o Brasil, não só com os partidos. Se os partidos não quiserem, é possível a gente buscar lideranças em cada um dos estados além dos partidos”, afirmou Paulinho, que aproveitou para mandar um recado ao PT, que passa por uma crise com a indefinição do coordenador de comunicação da pré-campanha.
“Você tem que ser a representação do povo brasileiro que quer tirar o Bolsonaro. Acho que alguns que estão do seu lado acham que a eleição está ganha. A eleição não está ganha. Vai ter uma guerra, não da direita do Brasil, da direita do mundo”.
Lula discursou depois de Paulinho e respondeu ao deputado. “Não penso que já ganhei as eleições, porque se tem alguém neste país que tem experiência de eleição presidencial sou eu”, disse. “Mas posso dizer uma coisa: se prepare porque nós vamos tomar posse na Presidência no dia 1º de janeiro de 2023.
Durante o discurso, Lula deu mais uma declaração polêmica e se indispôs com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – reforçando ainda mais as críticas de petistas à falta de estratégia de comunicação da pré-campanha.
O petista disse que Lira mantém “poder imperial” no exercício do cargo, e que está tentando implantar o semipresidencialismo no Brasil. “Se a gente não eleger uma maioria de deputados e senadores comprometidos com o discurso que está aqui e a gente ganhar as eleições e o atual presidente da Câmara continuar com poder imperial, porque ele já tá querendo criar o semi presidencialismo e ele age como se fosse imperador do Japão”, afirmou Lula. “O orçamento é aprovado pela Câmara e tem que ser administrado pelo governo e é o governo que decide cumprir o orçamento em função da realidade financeira do estado brasileiro”, disse o ex-presidente.
No discurso, o ex-presidente voltou a criticar a política de preços da Petrobras e afirmou que preços de energia administrados pelo governo compõem metade da atual taxa de inflação no país.
“O que causa inflação como no dia de hoje são os preços administrados pelo governo. Hoje 50% da inflação é resultado dos preços controlados pelo governo: energia elétrica, gasolina, óleo diesel e gás de cozinha que são os preços controlados pelo governo, que por incapacidade não [os] controla”, disse o petista, criticando o “preço internacionalizado”.
Lula disse também que empresas públicas ou de economia mista devem ter lucro e uma “finalidade social”. “Eu acho que uma empresa pública tem que ter lucro, ela não pode ser deficitária, se ela for deficitária ela quebra. Mas o lucro de uma empresa pública ou de economia mista não pode ser o lucro de uma empresa qualquer que não tenha nenhuma finalidade social.” A Petrobras não é uma empresa de petróleo só, é indústria de desenvolvimento”.
Presente ao evento, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), futuro vice de Lula, foi destacado para dialogar com o empresariado e o setor do agronegócio para mostrar que o projeto presidencial do PT não terá espaço para radicalismo. “O ex-governador tem papel importante com setores que ele tem mais facilidade de conversação, com certeza questão do agronegócio, setor empresarial. É fazer essa ponte, estabelecer, mostrando que não temos uma candidatura da radicalidade do extremo” afirmou. “Estão aqui os democratas que estiveram sempre na luta pela democracia. E obviamente que queremos dialogar com todos os setores da sociedade, quem pretende governar um país tem de ter essa abertura”, disse Gleisi.