Governador de SP segue bajulando polícias

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Foto: Claudio Belli/Valor

Candidato à reeleição pelo PSDB, o governador Rodrigo Garcia evitou mencionar o ex-governador João Doria (PSDB) como presidenciável e afirmou que a polícia vai revidar quando criminosos sacarem armas para policiais. As declarações foram feitas durante sabatina promovida nesta quarta-feira (04) pelo portal “Uol” e pelo jornal “Folha de S.Paulo”.

Apesar de dizer que Doria é o mais experiente entre os pré-candidatos da chamada terceira via, opção política à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Garcia disse que o nome do tucano tem de passar pelo crivo das siglas do centro democrático e fez elogios à pré-candidata a presidente do MDB, senadora Simone Tebet (MS), referindo-se a ela como “uma mulher de fibra”.

“Nós entendemos que o centro democrático, os partidos que não querem nem Lula e nem Bolsonaro, deveriam se reunir para escolher um único candidato. Esse esforço da melhor via está sendo feito por esse centro democrático”, afirmou.

“Óbvio que tem muitas notícias pela imprensa do União Brasil tendo um candidato [o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, se colocou como pré-candidato], o MDB tendo um pré-candidato. Mas eu vou lutar para que a gente consiga manter esse centro democrático unido, para que a gente tenha um único nome, e esse nome passa a ter chances reais para quebrar essa polarização”, disse Garcia. “Eu defendo que o nome do PSDB seja o escolhido, mas nós vamos submeter o nome do João [Doria] a esse grupo”.

Indagado se vai ‘esconder’ Doria de sua campanha (o ex-governador apresenta alta rejeição em São Paulo e aliados de Garcia temem uma contaminação da campanha), Garcia procurou se esquivar.

“Eu não sou candidato de A ou B, sou candidato da minha história, de tudo o que construí por São Paulo e pelo que penso para o futuro de São Paulo”, disse. “São Paulo não vai andar na garupa de ninguém nessas eleições nacionais”, completou.

Questionado sobre a possibilidade de explorar um voto casado com Jair Bolsonaro — em 2018, o então candidato Doria aproveitou a dobradinha “Bolsodoria” para conquistar eleitores do então presidenciável no segundo turno –, Garcia procurou evitar a hipótese de se valer do voto “Garbolso”.

“Eu quero receber o voto das pessoas que moram em São Paulo, que votam em São Paulo, que acham que vou ser o melhor governador de São Paulo, independentemente da ideologia que cada cidadão pregue, eu fico feliz de receber o voto dessas pessoas que pensam igual a mim ou que pensam diferente de mim”

Garcia reafirmou a declaração dura que deu na manhã desta quarta-feira (04) durante entrevista coletiva em que anunciou medidas na segurança pública para combater a escalada de crimes em São Paulo, parte dos quais envolvendo criminosos que se disfarçam de entregadores de aplicativo para promover roubos usando motocicletas.

“Bandidos que reagirem e levantarem a arma para a polícia vão tomar bala. Falei isso sim, porque acredito que a polícia deve e vai reagir contra o crime. Bandido que não quer ser morto não reaja quando for abordado [pela polícia]”, afirmou.

Garcia chegou a 6% das intenções de voto no levantamento do Datafolha realizado em abril e empatou na margem de erro com Tarcísio de Freitas (Republicanos), pré-candidato de Bolsonaro em São Paulo. O pré-candidato bolsonarista corre na mesma raia política de Garcia, e representa uma ameaça para os votos da centro-direita, principalmente do eleitorado do interior do Estado. A disputa eleitoral ao Palácio dos Bandeirantes segue liderada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com 29%, seguido pelo ex-governador Márcio França (PSB), que contabiliza 20%, conforme o Datafolha.

A escalada da violência na cidade de São Paulo, com aumento da incidência de roubos à mão armada por criminosos se fazendo passar por entregadores, levou o governador a endurecer o discurso na área da Segurança Pública e adotar medidas para combater o avanço da criminalidade, durante coletiva realizada mais cedo nesta quarta-feira (04) em que anunciou pacote de ações de segurança para o Estado.

“Aqui em São Paulo, o bandido que levantar arma para a polícia vai levar bala da polícia, porque é isso que a sociedade está esperando, uma polícia ativa que, dentro dos limites da lei, vai agir com muito rigor em relação à criminalidade”, afirmou o governador.

“Quero deixar aqui um aviso muito claro a esses bandidos que de maneira covarde estão escondidos atrás de um capacete, estão com uma mochila de falso entregador de ‘delivery’ nas costas, que de maneira covarde assaltam as pessoas, assediam as mulheres, para que eles ou mudem de profissão, ou mudem de Estado, porque a polícia vai atrás de cada um deles”, disse Garcia.

O governador anunciou a implantação, a partir de hoje, da “Operação Sufoco”, em parceria com a prefeitura da capital paulista, com a promessa de dobrar o número de policiais militares realizando o patrulhamento na cidade de São Paulo, na região metropolitana e em algumas cidades do interior — Garcia não especificou em quais municípios.

As novas medidas, segundo o governador, preveem o reforço no efetivo de policiais militares e de homens da Guarda Civil Metropolitana nas ruas para abordar motociclistas identificados como suspeitos de crimes.

“Estamos colocando mais viaturas, mais motos e mais rondas na rua, e isso sem dúvida nenhuma vai gerar transtornos para o trânsito aqui da cidade e eu quero pedir o apoio da população à polícia de São Paulo, porque nós vamos realizar muitas blitze, muitas operações e isso vai mexer com o cotidiano da cidade, mas tenho certeza de que é isso que a população espera de sua polícia”, afirmou.

O anúncio de reforço policial para combater a criminalidade ocorre depois de a cidade de São Paulo ter registrado uma série de assaltos praticados por criminosos disfarçados de motociclistas que realizam entregas por aplicativo de celular. Na semana passada, o estudante Renan Silva Loureiro, de 20 anos, foi assassinado durante um roubo de celular em que o criminoso se passou por entregador, na zona Sul de São Paulo. O caso ganhou repercussão porque a ação foi registrada por câmeras de segurança.

Valor Econômico