PSDB pode rifar Doria e apoiar Tebet

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Foto: Silvia Costanti/Valor

Em mais um capítulo das brigas internas do PSDB sobre a disputa presidencial, a bancada de deputados federais e senadores do PSDB divulgou uma nota, ontem, em apoio à uma candidatura única da chamada terceira via – em conjunto com MDB e Cidadania. Sob rumores de que o PSDB recuará sobre a iniciativa, parlamentares tucanos defenderam que o partido avance nas conversas com as duas legendas para formar uma aliança nacional.

Aliados do pré-candidato do PSDB à Presidência, João Doria, no entanto, descartaram a possibilidade de o tucano desistir da pré-candidatura e ser vice da senadora e pré-candidata Simone Tebet (MDB-MS).

As bancadas da sigla tucana da Câmara e do Senado deram aval para que o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, dê continuidade às negociações. Na avaliação dos deputados e senadores, candidaturas de centro isoladas tendem a perder força no cenário nacional, o que seria um obstáculo para superar a polarização entre o presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), afirmou que as bancadas decidiram “reforçar a autonomia” do presidente da legenda nas negociações. A iniciativa dos parlamentares busca fortalecer Bruno Araújo, que ficou fragilizado após Doria dispensá-lo da coordenação da campanha. Os parlamentares buscam também enviar um recado a Doria, de que as decisões tomadas por Araújo com outras legendas deverão ser respeitadas. “A ideia é fortalecer [ Bruno Araújo] para que o MDB e outros partidos que tenham interesse [na chapa] sintam autoridade para negociar isso”, disse Izalci Lucas. “Ele recebeu autonomia para trazer os partidos juntos”, afirmou.

Havia a expectativa de que PSDB, MDB e Cidadania definissem o nome que os representará na corrida ao Palácio do Planalto na próxima semana, no dia 18, mas as negociações estão praticamente paradas. Pré-candidatos à Presidência da República, Simone Tebet (MDB) e João Doria (PSDB) têm demonstrado resistência em abrir mão da cabeça de chapa, o que vem sustentando os rumores de que os partidos caminharão separados na corrida nacional.

Parlamentares do PSDB querem evitar que, se Simone Tebet for o nome escolhido para comandar a chapa presidencial do grupo, Doria tente forçar a sua permanência na disputa nacional.

Resistentes a Doria, a maioria dos deputados do PSDB defende, em caráter reservado, que Simone seja o nome para comandar a chapa do grupo.

Após a divulgação da nota, o presidente do PSDB paulista e coordenador da pré-campanha de Doria, Marco Vinholi, reagiu e disse que o ex-governador “é melhor nome” para representar o grupo nas urnas.

Doria está em Nova York e participou do evento Personalidade do Ano em homenagem à empresária Luiza Trajano. Antes de viajar, o tucano se reuniu com parte da bancada do PSDB na Câmara.

Um dos principais aliados de Doria dentro do PSDB nacional, Cesar Gontijo, tesoureiro da legenda, afasta totalmente a hipótese de o presidenciável tucano aceitar ser vice numa chapa encabeçada por Simone Tebet.

“Não passa de espuma. Doria foi legitimado pelo partido em uma prévia que levou cinco meses e essa hipótese de ele ser vice em uma chapa não existe”, disse Gontijo.

Doria tem 2% das intenções de voto para presidente na pesquisa mais recente do Datafolha, de 24 de março. No mesmo levantamento, Tebet pontua com 1%. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Para Gontijo, o fato de o ex-governador paulista não decolar nas pesquisas e de contar com alta rejeição, mesmo entre eleitores de São Paulo, não pode orientar isoladamente a lógica da candidatura presidencial. “Se você jogasse com a lógica da política, o Bolsonaro jamais seria presidente da República”, comparou.

Valor Econômico