Lira usa o cargo para perseguir oposição

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Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Arthur Lira (PP-AL) deu uma celeridade inédita a casos de quebra de decoro parlamentar na sua gestão. Só que os casos envolvem dois deputados da oposição ao governo Bolsonaro, de quem Lira é aliado.

Anteontem, o presidente da Câmara enviou duas representações ao Conselho de Ética protocoladas pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, muito recentemente. Uma tem como alvo o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) – apresentada esta semana – e outra contra Gleisi Hoffmann (PT-PR), requerida no último dia 26, seis dias antes.

Dos 24 processos abertos no conselho, na gestão Lira, esse dois foram os “campeões”. Os que foram despachados mais rapidamente.

Lira não está errado. Agiu corretamente, enviando logo. A questão é que o presidente da Câmara não adotou o mesmo procedimento em processos envolvendo parlamentares bolsonaristas.

Levantamento do Blog do Noblat mostra que sete desses processos só foram enviados por Lira ao conselho um ano depois de protocolados. E todos envolvendo bolsonaristas: Eduardo Bolsonaro (3 casos), Bia Kicis (2 casos), Soraya Manato (PL-ES) e Carla Zambelli (PL-SP).

Outros quatro só foram enviados entre 10 a 11 meses depois de apresentados na Câmara e envolvem Eduardo Bolsonaro, Carlos Jordy (PL-RJ), Delegado Éder Mauro (PL-PA) e outro de Zambelli.

Lira também demorou a enviar casos de duas deputadas da oposição e que hoje respondem no Conselho de Ética: Talíria Petrone (PSol-RJ), seu caso só foi enviado sete meses depois, e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que demorou nove meses.

O outro processo que Eduardo Bolsonaro também responde — o das ofensas à jornalista Míriam Leitão — chegou mais rápido ao conselho, em oito dias. Foram três acusações de partidos contra o filho do presidente nesse casos. Todas foram juntadas numa só, mas ainda nem tem relator escolhido.

Metrópoles