
Cardeal morto assustava a ditadura
Foto: Fernando Pereira / Cpdoc JB
A ditadura militar vigiou e fichou como subversivo o cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo. Documentos dos órgãos de repressão mostram que o religioso era visto como uma ameaça ao regime. Conselheiro e amigo do Papa Francisco, ele morreu na última segunda-feira, aos 87 anos.
Papéis do Serviço Nacional de Informações (SNI) descrevem Hummes como um agitador a serviço da “revolução popular”. No período em que atuou como bispo de Santo André, ele aproximou a Igreja dos trabalhadores e apoiou as greves do ABC paulista, que agitaram o país a partir de 1979.
Relatório de maio de 1980, classificado como confidencial, define Hummes como “um dos principais ativistas do movimento grevista”. O religioso se solidarizou com os metalúrgicos que lutavam por melhores salários, participou de assembleias e protegeu sindicalistas perseguidos pela polícia política.
Em reportagem exclusiva para assinantes, veja mais detalhes dos documentos secretos que mostram que a ditadura interceptou telegramas e monitorou palestras e sermões do cardeal.