Candidatos em desvantagem apostam no horário eleitoral
Foto: Editoria de Arte
Atrás nas pesquisas eleitorais, os pré-candidatos a governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e de Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD), terão como trunfo a maior fatia de tempo de TV — mais de três minutos cada no horário eleitoral gratuito — para tentar crescer nas intenções de voto. No Rio, com uma disputa acirrada, o pré-candidato Marcelo Freixo (PSB) tenta fechar aliança com o PSDB, o que reduziria sua desvantagem em relação a Cláudio Castro (PL) quanto à fatia na propaganda eleitoral.
A pouco mais de uma semana para início das convenções partidárias, as siglas têm intensificado conversas para ampliar seus palanques estaduais. Na última semana, em São Paulo, dois nós foram desatados: o PSD formalizou apoio ao ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos), enquanto o União Brasil decidiu caminhar com Garcia, que busca a reeleição. Com os acordos, os minutos na TV das campanhas foram turbinados.
Com ao menos seis partidos aliados (número-limite para a soma do tempo de TV), Garcia terá o maior tempo entre os paulistas. Só o União Brasil vai contribuir com cerca de 1 minuto e meio. O montante robusto é visto como um ativo importante para aumentar o nível de conhecimento do governador, que hoje disputa a segunda colocação nas pesquisas. Segundo o Datafolha, ele só é conhecido por 38% dos eleitores em São Paulo.
— Nas grandes cidades, o tempo de TV serve para o candidato ser conhecido. É o mais importante neste momento. Se acertar o recado, pode virar voto — aposta Wilson Pedroso, que coordena a pré-campanha de Garcia.
Tarcísio, por sua vez, ganhou 35 segundos após a aliança com o PSD, e agora tem pouco mais de 2 minutos, na chapa com PL, PSC, PTB. O partido de Gilberto Kassab indicou seu pré-candidato até então, o ex-prefeito Felício Ramuth, como vice.
Já o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também ganhará tempo após a saída do ex-governador Márcio França (PSB) da disputa. Agora com cerca de 2 minutos, a dupla vai integrar a mesma chapa, com o pessebista concorrendo ao Senado.
No Rio, com a máquina pública nas mãos, assim como Garcia, o governador Cláudio Castro (PL) terá 2 minutos e 50 segundos — o maior tempo dentre os adversários, com uma base hoje de oito partidos aliados. A minutagem foi incrementada com o acordo com o MDB, que vai indicar o ex-prefeito Washington Reis como vice.
— Se mesmo desconhecido, está tecnicamente empatado na liderança, com a propaganda na TV , o governador pode se tornar mais conhecido, o que tende a acelerar a intenção de voto — observa o coordenador de comunicação da campanha, Paulo Vasconcelos.
O deputado Marcelo Freixo (PSB), colado nas pesquisas com Castro, negocia com o ex-prefeito Cesar Maia (PSDB) uma aliança que contribuiria não só com o discurso de maior alinhamento ao centro do parlamentar mas também com 30 segundos adicionais. Até o momento, ele já conta com cerca de 2 minutos, saldo do apoio de PT, PSOL, PCdoB, PV e Rede. O pré-candidato apoiado por Lula tem o maior tempo de rádio e TV de sua carreira política.
Correm por fora no estado o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT), terceiro colocado que tem hoje 40 segundos, com o apoio de Agir e Patriota; e Felipe Santa Cruz (PSD), lançado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), que segue isolado na disputa e tem somente os 37 segundos de sua sigla.
E embora o nome do PDT tenha o apoio do Cidadania , esse terá que se entender com o PSDB, com quem formou uma federação. A legislação só permite que partidos federados se coliguem oficialmente a somente um candidato por cargo majoritário.
Em Minas, é o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil quem ostenta, com folga, o maior tempo de TV, com cerca de 3 minutos e 50 segundos. Grande parte veio do União Brasil: o presidente nacional do partido, Luciano Bivar, tem acordo com Kalil, à revelia do diretório estadual da legenda. E após aliança do ex-prefeito com Lula, o PT também contribui com cerca de 1 minuto.
A soma será importante para o desafio de Kalil, dereverter a larga vantagem do governador Romeu Zema (Novo). Segundo o último Datafolha, a diferença entre os dois é de mais de 20 pontos. Zema terá pouco mais de 1 minuto e meio com alianças com PP, Podemos, Patriota, PSC e Solidariedade.
Para o cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael, apesar da força das redes sociais, a propaganda na TV é especialmente importante para dialogar com o público de baixa renda .
— É uma grande oportunidade, uma vitrine, principalmente para nomes menos conhecidos.