IPEC volta a publicar pesquisa presidencial

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Foto: Isac Nóbrega/PR e Ricardo Stuckert/Divulgação

Haverá um tsunami de pesquisas nos próximos dias:

Hoje à noite (15/08), o IPEC (antigo Ibope) divulga no Jornal Nacional as pesquisas sobre a disputa na presidência e os governos de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal. Será a primeira pesquisa nacional do IPEC neste ano. As pesquisas do IPEC são entrevistas feitas na casa dos eleitores.

Terça-feira (16), o jornal digital Poder360 anuncia a pesquisa presidencial do DataPoder, feitas por telefone. No Datapoder de 02/08, Lula 43% x 35% Bolsonaro.

O Datapoder faz sondagens a cada 15 dias e tem o mais longo histórico disponível.

Quarta-feira (17), a Genial/Quaest lança sua pesquisa. É a primeira quinzenal da Genial/Quaest, que faz entrevistas na casa das pessoas desde julho do ano passado. Na Genial/Quaest de 31/07, Lula 44% x 32% Bolsonaro.

Quinta-feira (18), a Folha de S. Paulo e o Jornal Nacional divulgam a pesquisa nacional Datafolha, além dos levantamentos para os governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No último Datafolha de 28/07, Lula 47% x 29% Bolsonaro. O Datafolha faz entrevistas nas ruas.

As novas pesquisas são as primeiras depois do início do pagamento do Auxílio Brasil de 600 reais, do apoio de André Janones a Lula da Silva e da ofensiva de Bolsonaro junto aos eleitores evangélicos.

Para navegar nesse tsunami de dados é preciso olhar as curvas das tendências. Hoje elas mostram Lula parado ou oscilando para baixo e Bolsonaro subindo. A distância que hoje segundo os agregadores está em dois dígitos deve cair ao longo de todo o mês de agosto.

Os motivos da subida de Bolsonaro são os mesmos que fizeram o seu governo ser impopular, a economia. Desde que Ciro Nogueira e Arthur Lira assumiram o leme da campanha, o Congresso aprovou o corte unilateral de impostos sobre combustíveis, o reajuste do Auxílio Brasil de 400 reais para 600 reais até dezembro, os vale-gás, vale-caminhoneiros e vale-taxistas, o aumento do número de famílias atendidas pelo Auxílio de 18 milhões para 20 milhões, a liberação de empréstimos sem limite de valor para os beneficiários do Auxílio Brasil e a liberação de 10 bilhões de reais em emendas apenas a deputados do Centrão através do Orçamento Secreto. Nunca um governo jogou tanto dinheiro na economia em tão pouco tempo para virar uma eleição.

O fracasso da candidatura Simone Tebet também ajuda Bolsonaro neste momento. Milhares de eleitores que votaram nele em 2018 e se desapontaram agora retornam ao ninho por não encontrar uma outra opção viável para derrotar o PT. Isso é particularmente notável no estado de São Paulo, o epicentro dos que queriam votar na terceira via.

Simultaneamente, Bolsonaro reforçou sua atenção em grupos reconhecidamente bolsonaristas, o agro e os evangélicos. Como até agora Lula não fez um gesto efetivo para nenhum deles, Bolsonaro vem recuperando votos desgarrados entre homens evangélicos e eleitores das regiões Sul e Centro-Oeste. Michelle Bolsonaro tem sido um ativo na campanha, diminuindo a histórica rejeição do presidente junto às mulheres evangélicas.

Não há surpresa alguma, portanto, em Bolsonaro crescer nas próximas semanas. A questão é até onde ele vai.

Alguns pontos a serem observados: Bolsonaro está crescendo, mas ainda perde. Todas as pesquisas mostram que o limite de votos de Bolsonaro no segundo turno é similar ao do primeiro. Ou seja, a campanha não encontrou um argumento que amplie o eleitorado para além do antipetismo.

Bolsonaro teve em 2018 mais de 66% dos votos nas regiões Sul e Centro-Oeste. Hoje, nas duas regiões há um empate na margem de erro. No Nordeste, em compensação, Lula vence de 60% a 20%. Bolsonaro precisa vencer com folga no Sul e Centro-Oeste para compensar a derrota no Nordeste.

Em uma eleição que o primeiro turno reproduz o cenário de uma disputa mano-a-mano, a dicotomia Lula e Bolsonaro vai encolher Ciro Gomes, Simone Tebet e quem mais aparecer a uma faixa cada vez menor. É previsível que os dois cheguem a outubro perto dos 90% dos votos válidos. Os votos de Ciro vão para Lula ou para o nulo e branco?

Bolsonaro chegou a 70% dos votos entre evangélicos em 2018 contra Fernando Haddad. Hoje, segundo o PoderData, o presidente teria 62% dos votos dos evangélicos, ou seja, ele está perto do teto de votos. Como o Brasil não tem Censo desde 2010, as amostras do eleitorado evangélico são projeções que variam entre 28% à 35% do total do eleitorado. Os católicos continuam sendo maioria (entre 65% e 55%, dependendo da projeção). Todas as pesquisas mostram forte rejeição do governo e do presidente entre católicos.

Por último, mas não em último lugar, há a pouca debatida questão da abstenção. Embora o voto no Brasil seja obrigatório, cerca de 20% dos eleitores não votam nas eleições presidenciais. Em 2022, isso significa dos 156 milhões de eleitores registrados, menos de 125 milhões vão votar.

Não existem trabalhos consistentes sobre os motivos que fazem tantos brasileiros faltarem às eleições e nem uma preocupação real das campanhas em convencê-los a ir às urnas. Os não- votantes pode ser a chave da eleição de 2022.

Começou a temporada dos trackings, as pesquisas telefônicas não registradas na Justiça Eleitoral encomendadas pelo mercado financeiro para antecipar as tendências da opinião pública. Na sexta-feira (12/08), havia três em circulação na Faria Lima. Os resultados mostram uma margem muito menor do que as pesquisas públicas:

Lula 42% x 38% Bolsonaro

Lula 41% x 38% Bolsonaro

Lula 43% x 39% Bolsonaro

Na mesma sexta-feira, Lula e o comando do PT ouviram uma longa explanação de uma pesquisa encomendada pelo partido informado que o Auxílio Brasil não tem efeito eleitoral e que o resultado mais provável é a vitória no primeiro turno.

Nos dois casos, as estatísticas só servem para confirmar o que os ouvintes queriam ouvir.

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