Livro promete revelar lado desconhecido de Bolsonaro

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Foto: Reprodução

O comunicador André Marinho promete mostrar bastidores inéditos da campanha de Jair Bolsonaro (PL) ao Planalto em 2018 e um lado ainda não revelado do presidente em seu primeiro livro,

Naquele ano, a casa da família de Marinho foi transformada em uma espécie de quartel-general da campanha de Bolsonaro. Ele presenciou desde a escolha de ministros para o futuro governo aos desdobramentos do atentado contra o então candidato do PSL em Juiz de Fora (MG).

O pai do comunicador, o empresário Paulo Marinho, foi candidato a suplente de senador de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Os dois foram eleitos. Depois, romperam.

Foi o próprio André Marinho quem deu a notícia sobre a facada à primeira-dama Michelle Bolsonaro. Uma passagem da obra, obtida em primeira mão pela coluna, revela uma reação inusitada da esposa do presidente ao tomar conhecimento sobre o ocorrido.

“Numa cena que beirava o surrealismo, Michelle pegou nas minhas mãos, fechou os olhos e pediu que eu imitasse seu marido. Constrangido, imitando a língua presa de Bolsonaro, falei: ‘Vai ficar tudo bem, Mi! Agora é confiar em Deus’. Ela respirou um pouco mais aliviada e, por inusitado que tenha sido aquele momento, foi uma experiência forte para ambos”, relata.

André Marinho imita Bolsonaro e outras autoridades com perfeição, qualidade pela qual se tornou célebre.

Em outro momento do livro, ele descreve um diálogo entre seu pai, Paulo Marinho, o então candidato à Presidência e o advogado Gustavo Bebianno, morto em 2020. Reunidos após um dia de gravações do programa eleitoral, eles tomavam café e “beliscavam um biscoito amanteigado” —que, segundo André Marinho, era uma das iguarias preferidas de Bolsonaro durante a corrida eleitoral.

Bebianno, afirma o comunicador, “falava como um profeta bíblico” e “prometia honrar o slogan da campanha e ‘mudar o Brasil de verdade’” durante o encontro.

“Bolsonaro, notando que o seu projeto acidental estava cada vez mais próximo de se tornar um acidente com vítimas fatais, já adotava um tom de alinhamento de expectativas. Como se pensasse alto, disparou que ‘chegando lá, se não fizermos tudo certo, nós vamos sair presos’. O vaticínio esfriou o café dos três”, conta André Marinho.

“Foi o primeiro indício que Bebianno e meu pai tiveram de que poderia haver caroço no angu de Bolsonaro, que, pouco tempo depois de eleito, teria seu longo rabo-preso exposto ao país por Flávio e suas maracutaias. Convenhamos: não fez nada certo”, segue.

“O Brasil (Não) É uma Piada” tem lançamento marcado para 15 de setembro deste ano, mas será disponibilizado em pré-venda já nesta segunda-feira (22). Uma noite de autógrafos com o autor na Livraria da Vila no JK Iguatemi, em São Paulo, está sendo planejada.

Em seu livro de estreia, André Marinho compartilha detalhes sobre a sua formação humorística, fala sobre seu processo de criação e de imitação e passa por temas como fanatismo, liberdade de expressão, identitarismo e cultura do cancelamento.

O comunicador viralizou nas redes sociais no fim de 2018 com uma gravação na qual simulava uma conversa entre Bolsonaro e o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Na época, foi contratado para ser comentarista de política no programa Pânico, da Jovem Pan, onde ficou até novembro de 2021.

Em uma das edições do programa, o presidente Jair Bolsonaro deixou uma entrevista após Marinho perguntar, sem citar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), se quem pratica rachadinha deveria ser preso.

No ano passado, Marinho foi um dos assuntos mais comentados no Twitter graças a vídeos em que aparecia imitando figuras como Bolsonaro, João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Joe Biden e Donald Trump em um jantar oferecido pelo empresário Naji Nahas a Michel Temer (MDB). O emedebista também foi parodiado na ocasião —e caiu na gargalhada.

O carioca estudou em escola bilíngue no Rio, cursou ciências políticas na New York University, nos Estados Unidos, e se formou em direito.

Folha