Alckmin e Moro se estranham nos bastidores

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Foto: Johanns Eller/O Globo

Após a conclusão do debate do segundo turno da TV Globo, o candidato a vice-presidente na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), se dirigiu à área de imprensa e leu um trecho do livro “Contra o sistema da corrupção”, de seu ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil-PR), no qual o senador eleito relata que Jair Bolsonaro tentou impedir a transferência do líder de facção criminosa Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para fora de São Paulo.

No debate, Bolsonaro alegou ter transferido Marcola para um presídio federal, o que não procede – o presidente não participou das tratativas.

“Moro escreve no seu livro que Bolsonaro lhe mandou um e-mail pedindo que não fosse feita a transferência de Marcola. Foi impedida antes dele assumir pelo MP-SP e foi autorizada no começo de 2019 por ordem do TJ-SP”, disse Alckmin aos jornalistas após ler o trecho do livro em que Moro relata a tentativa de dificultar a transferência do criminoso.

O candidato a vice não respondeu a perguntas de imprensa e deixou o local na sequência. “É importante esclarecer”, disse Alckmin, de saída.

Logo após, Jair Bolsonaro chegou para dar coletiva a jornalistas acompanhado de Moro. O senador eleito tomou a fala após o presidente e candidato à reeleição e criticou Alckmin pela política penitenciária voltada para líderes de facções criminosas. O ex-juiz disparou contra Alckmin e fez uma defesa enfática de Bolsonaro, com quem ficou rompido entre 2020 e este ano.

“Sobre o episódio que Alckmin falou, de fato planejamos a transferência dos líderes desta facção. Isso teve o consentimento do presidente Bolsonaro. Antes ele externou preocupação e pensou até em cancelar a operação, mas não cancelou. Se houve receio, foi por no máximo dois dias, e o próprio presidente mudou de opinião”, disse Moro, contradizendo seu próprio livro. “O governo do PT e Geraldo Alckmin se omitiram diante da morte de 50 policiais e atentados terroristas de 2006 em São Paulo”.

A coletiva de Bolsonaro contou com um momento insólito: ao ser questionado por um repórter sobre ter repetido a fake news de que Lula se reuniu com chefes do crime organizado ao visitar o Complexo do Alemão, no Rio, Bolsonaro abandonou abruptamente o local.

Enquanto Bolsonaro foi seguido por sua comitiva, como o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, o do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e o pastor Silas Malafaia, Moro não abandonou o púlpito e tomou a iniciativa de voltar a falar aos jornalistas para se defender.

O Globo