Bolsonaro sofre “depressão” pela derrota

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Foto: AFP

Desde a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há nove dias, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manteve recluso no Palácio da Alvorada, com raros compromissos oficiais, e longe das redes sociais, ambiente em qual sempre foi ativo. Após o segundo turno das eleições, o atual chefe do Executivo só esteve no Palácio do Planalto, a sede do Executivo onde costuma dar expediente, em duas ocasiões. Ele também não fez a sua tradicional “live” de quinta-feira.

Duas pessoas próximas ao presidente ouvidas pelo GLOBO atribuem o “sumiço” a problemas de saúde. No fim da semana passada, Bolsonaro, segundo os relatos, chegou a apresentar um quadro febril e demonstrou estar abatido. A explicação dada é que sua imunidade caiu após a “rotina pesada” de viagens durante a campanha eleitoral. Questionado, o Palácio do Planalto não se manifestou.

No dia seguinte à derrota, Bolsonaro esteve na sede do Executivo pela manhã. A agenda oficial consta apenas uma reunião de trinta minutos com o ministro da Economia, Paulo Guedes, embora, como mostrou O GLOBO, também tenha se reunido com os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, além do vice em sua chapa, general Walter Braga Neto. Antes, no Palácio da Alvorada, já havia recebido o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Na terça-feira, na primeira vez que se manifestou sobre o resultado das eleições, Bolsonaro teve reuniões com integrantes do primeiro escalão do governo, quando discutiu o tom do seu pronunciamento de 2 minutos. O presidente, diante de jornalistas, encerrou sua fala às 16h38. Depois, se dirigiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para se reunir com ministros da Corta, a última vez que foi visto em público.

Recolhido no Alvorada e sem compromissos oficiais, segundo sua agenda, Bolsonaro só surgiu na quarta-feira em um vídeo gravado pedindo que apoiadores liberassem as rodovias. Com uma camiseta de malha, o presidente pediu que os seguidores não “pensem mal” dele e admitiu estar “triste” com o resultado das eleições.

— Brasileiros que estão protestando por todo o Brasil. Sei que vocês estão chateados, estão tristes, esperavam outra coisa. Eu também, estou tão chateado e tão triste quanto você, mas temos que ter a cabeça no lugar — disse.

Na quinta-feira, o único compromisso oficial foi uma reunião de meia hora no início da tarde com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Célio Faria, no próprio Alvorada. Bolsonaro, porém, chegou a passar rapidamente no Palácio do Planalto para cumprimentar o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que esteve na sede do governo para a primeira reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, para a transição.

O encontro foi costurado pelo arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa. Enquanto Alckmin conversava com a imprensa , Bolsonaro chegou no Palácio do Planalto. Após falar com a imprensa, Alckmin foi esperado pelo chefe de gabinete pessoal de Bolsonaro, Pedro César de Sousa. Os dois subiram pelo elevador. Depois de dez minutos, desceram juntos. Neste momento, ocorreu o encontro com o presidente Bolsonaro, que retornou em seguida para a sua residência oficial.

Na sexta, sábado e domingo, o presidente não teve compromissos, também não foi visto circulando pelo Palácio da Alvorada. Nesta segunda-feira, a agenda oficial consta apena uma única reunião com o subchefe para Assuntos Jurídicos, Renato de Lima França, na residência oficial. Para hoje, também não há quaquer informações sobre as atividades do presidente. Apesar da falta de informações, Bolsonaro, segundo relatos ao GLOBO, tem recebido os auxiliares mais próximos, mesmo fora da agenda.

Como mostrou O GLOBO, o presidente e seus três filhos políticos —Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro— reduziram a frequência de postagens nas plataformas digitais desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito, no último dia 30. A média de publicações por dia, no Facebook, é 14 vezes menor que a registrada durante a campanha eleitoral, de acordo com levantamento feito pelo GLOBO com base na plataforma de monitoramento de redes da Meta CrowdTangle.

O Globo