Atos bolsonaristas são cada vez mais violentos

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Foto: Divulgação/PRF-SC

Os episódios de violência em rodovias escalaram nos últimos dias e acenderam o alerta das autoridades em relação aos atos antidemocráticos liderados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Ministério Público do Estado de Rondônia apura o ataque a uma adutora de água e enquadra o caso como um possível crime de terrorismo. Em Santa Catarina, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) comparou o formato dos ataques ao de terroristas e de adeptos da tática black bloc, que pregam depredação e usam máscaras para cobrir o rosto.

A escalada de violência inclui ações lideradas por homens encapuzados e armados, uso de bombas caseiras, saques e depredação de caminhões. Também há registros de ataques a agentes da PRF e a caminhoneiros, incluindo um que foi atingido por pedradas ao tentar furar um dos bloqueios.

As rodovias do estado voltaram a ser alvo de bloqueios e outros atos criminosos supostamente em represália à decisão do ministro Alexandre de Moraes de bloquear as contas de 43 suspeitos de envolvimento em atos antidemocráticos de bolsonaristas que não aceitam o resultado da eleição.

Mato Grosso, Santa Catarina e Rondônia concentram a maioria das ocorrências. Os três estados estão entre os que deram maior votação proporcional a Bolsonaro nas eleições de outubro.

Em Santa Catarina, estado em que a PRF local desmontou cerca de 30 tentativas de bloqueio em rodovias federais entre os dias 18 e 21, a polícia divulgou nota e imagens destacando o caráter violento das últimas ocorrências.

A PRF afirmou que “a maioria das paralisações do final de semana tiveram caráter diferente das realizadas logo após as eleições” e que os métodos e materiais utilizados são os de grupos terroristas e black blocs.

Segundo a PRF, foram registradas “ocorrências criminosas e violentas, promovidas no período noturno por baderneiros, homens encapuzados extremamente violentos e coordenados”, dado que os ataques ocorreram em diferentes regiões do estado no mesmo horário.

Nas ações, os manifestantes usaram bombas caseiras feitas de garrafas com material combustível, rojões, óleo derramado na pista, miguelitos (pregos usados para furar pneus), pedras, além de barricadas com pneus queimados, latões de lixo, e troncos de árvores cortados e jogados deliberadamente na pista. Houve ainda depredação do patrimônio das grades de proteção das rodovias.

Na madrugada de sábado (19), um homem de 37 anos identificado como líder de um grupo foi preso pela PRF, levado à Polícia Federal e autuado pelos crimes de associação criminosa, exposição de transporte público a perigo, destruição, inutilização ou deterioração da coisa alheia e desobediência de ordem legal. Ele não teve direito a fiança e foi levado ao presídio regional de Joinville.

Segundo a PRF, mais pessoas foram identificadas e novas prisões devem ocorrer nos próximos dias.

Em Rondônia, outro estado com forte viés bolsonarista, casos de vandalismo e violência vêm sendo registrados desde a última sexta-feira (18).

Em Ariquemes (203 km de Porto Velho), o abastecimento de água de parte da cidade foi suspenso após manifestantes destruírem a adutora de um dos principais reservatórios da cidade.

O Ministério Público do Estado de Rondônia instaurou um procedimento de investigação criminal para apurar os danos. Apuração preliminar aponta que manifestantes teriam utilizado uma escavadeira para quebrar a tubulação do reservatório da concessionária.

Responsável pelo caso, o promotor Tiago Cadore destacou que o ato pode ser enquadrado como crime de terrorismo com base na Lei Antiterrorismo de 2016 por se tratar de ato que sabota o funcionamento de serviço público essencial à população.

Também em Ariquemes, houve registro de confronto entre manifestantes e a polícia após a tentativa de encerramento de um bloqueio na BR-364. No mesmo fim de semana, houve ataques a um comboio de caminhões de uma rede de supermercado que resultou em incêndio, depredação e saque de carga.

Durante a ação da PRF para impedir o saque da carga, um dos agentes foi alvo de racismo ao imobilizar um dos infratores e foi chamado de “preto encardido”. O homem acabou sendo detido.

Em Vilhena, um caminhoneiro foi agredido a pedradas após se recusar a permanecer em um ponto de bloqueio. Um caso semelhante aconteceu na cidade de Nova Mamoré, onde um carro foi apedrejado.

Ao menos 11 manifestantes foram presos em bloqueios ilegais nas rodovias do estado nos últimos dias. Três deles foram detidos nesta segunda-feira (21) na concentração de uma manifestação do município de Cacoal com armas de fogo e ferramentas para danificar pneus.

O governador Marcos Rocha (União Brasil) pediu reforço da Força Nacional para conter as ações violentas nas rodovias no estado.

Em Mato Grosso, na noite de sábado (19), um grupo armado de dez homens invadiu, atirou e ateou fogo em caminhões na base da concessionária Rota do Oeste, em Lucas do Rio Verde (MT).

Na noite de domingo (20), em Sinop, dois caminhões estacionados tiveram os para-brisas atingidos por tiros em um posto de combustíveis às margens da BR-163, na zona urbana da cidade.

Segundo a concessionária Via Brasil, que administra o trecho da rodovia, um funcionário da empresa foi rendido no veículo funcional em Itaúba (MT) na segunda (21). Ele teve o uniforme e o veículo roubados por um criminoso, que depois utilizou os itens para interditar a pista.

Dois caminhões-tanque foram colocados na rodovia e incendiados. Em seguida, um dos criminosos raptou o funcionário da concessionária, libertando-o em Cláudia (MT), a cerca de 120 km do local.

Ainda na segunda, a Polícia Militar prendeu dois suspeitos de envolvimento em ataques a veículos, sedes e funcionários de concessionárias que operam na rodovia. Os homens estavam em uma caminhonete e carregavam revólver, munição, nove galões de gasolina, isqueiro e facões.

O Brasil enfrenta manifestações antidemocráticas em rodovias e em frente a quartéis desde 30 de outubro, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o Jair Bolsonaro (PL) na disputa à Presidência.

Em uma das poucas manifestações públicas desde a eleição, Bolsonaro divulgou um vídeo em que pedia a liberação das rodovias, mas afirmava que manifestações em outros locais eram bem-vindas.

Folha