
Estado Brasileiro espera golpistas de porrete na mão
BRASÍLIA – O interventor no Distrito Federal, Rodrigo Cappelli, que passou a responder pela segurança pública na capital federal, disse que todo o efetivo de segurança pública do DF está mobilizado para impedir que qualquer tipo de manifestação violenta ocorra nesta quarta-feira, 11. Nas redes sociais, bolsonaristas prometem mobilizações em todo o País a partir das 18h00.
“Há uma tentativa de criar um ambiente de crise no Brasil, mas garantimos que nunca mais a capital federa verá o que aconteceu”, disse Capelli. “Estamos em mobilização máxima. Não há hipótese de se repetir na capital federal o que aconteceu, os fatos inaceitáveis que aconteceram.”
Além da Polícia Militar do Distrito Federal e do Corpo dos Bombeiros, estão mobilizadas os agentes da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal. Por razões de segurança, não foi mencionada a quantidade total do efetivo.
Cappelli assumiu o posto, após a decisão do governo federal, de fazer uma intervenção no DF, afastando o governador Ibaneis Rocha de sua atuação na área de segurança. Após a decisão, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou a prisão do secretário de segurança pública no DF, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
O interventor disse que as manifestações pacíficas poderão ocorrer tranquilamente e que isso faz parte do processo democrático, mas que não será tolerado qualquer tentativa de vandalismo ou agressão. “Com relação aos manifestantes, esperamos que seja democrática e pacífica. Se assim for, não haverá problema nenhum”, disse Cappelli.
A Esplanada dos Ministérios já foi bloqueada para tráfego de veículos nesta tarde, por agentes da polícia. A ordem é que o espaço só fique aberto para manifestantes até cerca de metade do trecho de três quilômetros, ou seja, não haverá meios de chegar até a frente do Congresso Nacional. As áreas ao redor dos ministérios e da Praça dos Três Poderes também foram bloqueadas e qualquer acesso só poderá ser feito a partir da rodoviária, com revista de pessoas pelos agentes de segurança.
“Nós estamos com todo o efetivo da segurança pública federal mobilizado, uma operação articulada com apoio da inteligência da polícia federal, com a colaboração e presença de todo o nosso efetivo de segurança aqui do Distrito Federal. Todo efetivo está mobilizado”, comentou Cappelli. “Quero tranquilizar a população e os servidores. Não há hipótese de acontecer nada semelhante, de se repetir os fatos lamentáveis daquele dia. Temos o total apoio no efetivo das corporações e dos homens de segurança do Distrito Federal, que têm compromisso estado democrático de direito.”
O interventor, que é o número 2 no ministério da Justiça comandado por Flávio Dino, fez críticas diretas à conduta de Anderson Torres e disse que o agora ex-secretário de segurança do DF viajou para os Estados Unidos antes mesmo de suas férias serem efetivadas. O interventor disse que Torres, que assumiu o posto no dia 2 de janeiro, após deixar o Ministério da Justiça na gestão Bolsonaro, fez trocas nos comandos das forças de segurança e, depois, embarcou para os EUA no dia 8, quando suas férias começavam, na realidade apenas no dia 9.
“É muito estranho que o secretário de segurança pública do Distrito Federal assuma a sua função do dia 2, exonere e troque quase todo o comando da secretaria, viaje e, alguns dias depois, aconteça o que aconteceu aqui em Brasília. Isso é coincidência?”, questionou Cappelli, reforçando a ideia de que Anderson Torres agiu, deliberadamente, para que o desfecho de domingo fosse aquele que consumou.
O interventor disse que novas prisões poderão ocorrer nesta quarta-feira, conforme o comportamento dos manifestantes extrapolem os limites da lei. “Manifestações democráticas não se confundem com terrorismo, não se confundem com atentado às instituições democráticas. O direito à livre manifestação não se confunde com ataque ao patrimônio público, à democracia aí estes a lei que eu tenho a dizer é a lei será cumprida e eles serão tratados no rigor da lei”, declarou Cappelli.
Questionada sobre o retorno de Anderson Torres ao Brasil, informação que o próprio ex-secretário tratou de dar por meio de redes sociais, a equipe de segurança da intervenção disse que ainda não tem detalhes sobre horário de chegada do ex-secretário ao Brasil. Não foi esclarecido, também, se os atrasos generalizados de voos ocorridos nesta quarta-feira, nos aeroportos dos Estados Unidos, poderão comprometer a sua chegada ao País.
Rodrigo Cappelli disse ter confiança total no comando dos efetivos de segurança com os quais passou a trabalhar desde o último domingo, quando ocorreram os atos dos golpistas bolsonaristas, mas que o trabalho de checagem em posições de comando dentro das instituições continuam em andamento.
Estadão.