Na PF Valdemar nega que tenha jogado Bolsonaro no ventilador
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse, em depoimento à Polícia Federal, que sua frase relacionada à existência de propostas de minutas golpistas “na casa de todo mundo” foi uma “metáfora”, uma “força de expressão”. A declaração foi feita em entrevista ao GLOBO.
O presidente do partido de Jair Bolsonaro também entregou seu celular espontaneamente aos investigadores para que o aparelho seja periciado.
No depoimento ao qual a coluna teve acesso, Valdemar afirma “que recebeu duas ou três propostas dessas”. Alegou que essas minutas vinham “sem identificação” e que chegou a receber “uma minuta de uma advogada no aeroporto”, que não conhecia.
O líder partidário disse que não abria imediatamente os documentos que recebia e que só viu que se tratava de um documento golpista quando chegou em casa e notou que “se tratava de uma proposta para acionar o art. 142”. Valdemar disse que “moía” os documentos que chegavam às suas mãos com esse teor.
Valdemar afirmou ter recebido três ou quatro documentos, mas disse que desconhece seus autores e que pareciam ser elaborados por pessoas que desconheciam o tema. Disse que “sempre triturou todos os documentos” com teor golpista e que não alertou as autoridades ou qualquer outra pessoa sobre o recebimento dessas propostas. Valdemar afirmou que destruiu as minutas porque “alguém poderia dizer que (ele) estaria a favor do golpe”. Alegou ainda que “sempre foi contra o golpe”.
Valdemar afirma que não levou as minutas ao conhecimento do PL e “não tratou desse assunto nem sequer com Bolsonaro”. Ele fala que os documentos eram “mal elaborados” e que não os levou a sério.
O presidente do PL diz que não tinha relação com o ex-ministro Anderson Torres e foi apenas uma vez ao prédio da pasta da Justiça durante o governo Bolsonaro. Foi na casa de Torres que a PF encontrou uma minuta golpista que abriria brecha para impedir a posse do presidente Lula. Ele disse ainda que desconhecia o alto comando da Polícia Militar do Distrito Federal.
Valdemar também foi questionado sobre a ação levada pelo seu partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que questionava a credibilidade de quase 300 mil urnas só no segundo turno. Valdemar disse que fez o questionamento junto ao TSE com dúvidas sobre “urnas velhas” e que, após a resposta da corte, “ tinha considerado o assunto encerrado”.
A ação culminou em uma multa de R$ 22,9 milhões aplicada ao PL por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Com isso, todas as contas da sigla foram bloqueadas.