Partido Comunista da China tenta estabelecer relações com PSL
O Partido Comunista da China convidou integrantes do PSL, legenda do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para uma visita ao país asiático, na esperança de estabelecer uma relação “pragmática” com os políticos brasileiros. Enviado na semana passada, o convite repassado pela Embaixada da China no Brasil fala em recepção a uma delegação de dez membros do PSL. Na diplomacia, o convite é um gesto dos chineses para tentar se aproximar do futuro governo.
Durante toda a campanha, Bolsonaro se apresentou como inimigo do comunismo e refratário às relações com a China. Eleito, defendeu maior aproximação política e comercial com os Estados Unidos, o que levou a uma reação do governo chinês. Em editorial no China Daily, seu principal jornal estatal, os chineses disseram que romper acordos com Pequim poderia ter “custos para o Brasil”.
Principal nome do PSL na Câmara e deputado federal mais votado na história (1,8 milhão de votos), o filho do presidente eleito Eduardo Bolsonaro propôs à Câmara um projeto de lei para criminalizar o comunismo.
“Recebemos o convite e eu vou levar para a bancada discutir, mas é uma decisão do partido no fim das contas”, disse à reportagem o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE). Ele acrescentou que ainda não há decisão sobre o convite, que classificou como “muito bem-vindo”, mas deverá procurar a embaixada para discutir datas.
Na sua avaliação, a aceitação do convite não se choca com a linha do futuro governo. “É uma questão de diplomacia entre dois partidos. É uma relação civilizada do mundo moderno.”
Outro integrante da legenda de Bolsonaro, o deputado e senador eleito Major Olímpio (SP), não vê problemas em aceitar o convite dos chineses. “Não vejo por que não”, disse. “A China hoje é o maior parceiro comercial do Brasil.”
Há também desde a semana passada uma percepção entre os diplomatas chineses de que o futuro chanceler, Ernesto Araujo, dará uma atenção especial às relações com o governo americano de Donald Trump. Agora, a estratégia é a de não se afastar de Brasília e o primeiro gesto seria por meio do PSL.
Questionado nesta terça-feira sobre o convite, Bolsonaro foi irônico e afirmou que não sabe se os integrantes do PSL poderiam ir porque muitos “são novos, não têm passaporte e são pobres”. Os chineses deixam claro que bancam todas as despesas de passagem internacional, alimentação e também alojamento na China”.
Do UOL