Mercado financeiro retoma discurso pessimista do primeiro mandato de Lula
Fotos Roque de Sá/Agência Senado e Douglas Magno/AFP
Com dificuldades para avançar em pautas estruturantes no Congresso, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva começou sua gestão com o pé esquerdo. Isso, pelo menos, é o que pensa o mercado financeiro. Em pesquisa realizada pela Quaest a pedido da Genial Investimentos, 98% dos executivos do mercado avaliaram que a política econômica do novo governo caminha na direção errada.
Para 78% dos respondentes, a expectativa é que a economia piore nos próximos 12 meses, enquanto apenas 6% estimam uma melhora. Segundo 73% dos entrevistados, o país corre o risco de recessão este ano. A grande maioria também refuta a relação de Lula com o Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto.
Para 90% dos entrevistados, a relação entre o Executivo e a autarquia monetária é negativa. Em relação ao futuro, apenas 7% estimam uma melhora nesse relacionamento, enquanto 49% preveem uma piora na relação. O mercado também avalia como “baixa” a possibilidade de a autarquia antecipar o corte de juros após pressão do Executivo. Para 95%, o Banco Central pratica a taxa de juros correta no país.
O mercado também estima que as chances de o arcabouço fiscal, caso bem elaborado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, refletir em uma queda dos juros é grande, segundo 91% dos entrevistados. Mas 68% dizem que o governo não está preocupado com o controle da inflação.
Dentre os destaques, o mercado também vê com ceticismo a possibilidade de aprovação da reforma tributária nos próximos meses. Para 67% dos entrevistados, as chances de aprovação do tema é classificada como “regular” ou “baixa”. A pesquisa realizou 82 entrevistas em fundos de investimentos com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro.