
Inflação baixa, mas bolsonarista do BC mantém juros
O presidente Lula durante cerimônia de relançamento do Programa de Agricultura Familiar (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,71% e ficou 0,13 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de fevereiro (0,84%). Nos últimos doze meses, a alta foi de 4,65%, abaixo dos 5,60% observados nos doze meses imediatamente anteriores e, pela primeira vez desde janeiro de 2021, abaixo do teto da meta imposta pelo Banco Central, que é de 4,75%. Trata-se de boa notícia para o governo Lula, que pressiona o BC por corte de juros.
A Selic, hoje em 13,75%, é criticada com frequência pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados próximos. O sinal de desaceleração inflacionária vindo no IPCA deve intensificar essa cobrança.
Segundo Rachel de Sá, chefe de Economia da corretora Rico, apesar do “pior da inflação já ter passado”, a expectativa segue a mesma por corte de juros apenas em agosto. “A primeira fase da desinflação já foi, com produtos relacionados a choques de ofertas e desequilíbrios na cadeia de produção, como bens industriais”, disse. “A segunda fase são com serviços, que desaceleraram nesta última leitura”, completou.
O maior impacto (0,43 p.p.) e a maior variação (2,11%) no índice do mês vieram de Transportes. Na sequência, vieram Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%), que desaceleraram ante o mês anterior, contribuindo com 0,11 p.p. e 0,09 p.p, respectivamente. Os demais grupos ficaram entre o 0,05% de Alimentação e bebidas e o 0,50% de Comunicação.
A média dos núcleos da inflação também arrefeceram na passagem de fevereiro para março. Além disso, o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com que aumentaram de preços no mês, caiu de 65,2% para 59,9%.
“O grande desafio do Banco Central é a questão fiscal, o longo prazo”, alerta a chefe de economia da Rico.
No último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 10, a mediana das projeções para a Selic mantiveram-se em 12,75% para o fim de 2023, assim como nas semanas anteriores. O mesmo acontece com a previsão para 2024, que ficou em 10% e, 2025, fixada em 9%.