Goldman e Covas, sujeitos a expulsão do PSDB, trocam farpas

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O ex-governador Alberto Goldman (PSDB) diz que estranhou a crítica que o prefeito de São Paulo e seu colega de partido, Bruno Covas, fez a ele na madrugada desta segunda-feira (26) no SBT, ao defender que a sigla confirme a expulsão do fundador por ter se contraposto à eleição de João Doria.

“Diante da posição adotada por ele no primeiro turno, eu diria que não entendi a manifestação”, afirmou Goldman à Folha, referindo-se ao fato de Covas ter declarado apoio ao então candidato a senador Mario Covas Neto (Podemos), seu tio, que compunha coligação rival à do PSDB no pleito de outubro.

No vídeo divulgado durante a campanha, ele dizia que sempre pautou sua vida política por fidelidade partidária, “mas há coisas que são mais importantes que partidos políticos”, numa alusão ao laço familiar —os dois são herdeiros políticos do ex-governador Mario Covas (1930-2001).

Por causa do gesto, o prefeito também é alvo de um pedido de expulsão da sigla. Já o ex-governador chegou a ser excluído dos quadros por decisão do PSDB paulistano, mas a direção nacional da legenda desautorizou o ato, que atingia também outros filiados. Os dois processos aguardam uma decisão definitiva.

“Não consegui entender a crítica que ele fez a mim agora”, seguiu Goldman, que ocupou o Palácio dos Bandeirantes entre abril e dezembro de 2010. “As razões dele [Covas], acima das razões partidárias, levaram-no inclusive a ir ao programa eleitoral defender a candidatura do tio, que é de outro partido.”

“No meu caso específico, o que é mais importante para mim são as minhas convicções e a minha consciência”, disse Goldman, que foi defenestrado pelo PSDB municipal sob o argumento de infidelidade partidária —ele se aproximou de Paulo Skaf (MDB) no primeiro turno e é crítico contumaz de Doria.

O governador eleito de São Paulo já chamou o desafeto de improdutivo e fracassado que “agora vive de pijamas em sua casa”. Os dois divergem fortemente sobre os rumos do partido que o veterano ajudou a criar em 1988.

No SBT, durante entrevista ao programa Poder em Foco, Bruno Covas afirmou estar se movimentando pela saída do ex-governador. “Eu acho que tem que ser expulso porque aqueles que não respeitam as decisões partidárias não podem ir para a rua criticar as decisões partidárias.”

“Ele [Goldman], durante o processo eleitoral todo, falou mal do João Doria na rua, falou mal do João Doria nos jornais e apoiou outros candidatos. Aliás, um grande pé-frio, porque apoiou o Skaf no primeiro turno e o Márcio França [PSB] no segundo turno. Então ele que vá apoiar essas pessoas fora do PSDB”, disse o tucano.

“Eu espero que a expulsão seja aprovada desde já, é para isso que eu estou trabalhando”, arrematou o prefeito. Ele tem reiterado a aliados seus no PSDB que a exclusão do ex-governador é pertinente e se encaixa no critério de infidelidade partidária.

Questionado sobre os casos de Goldman e Covas, o PSDB nacional, em nota, informou que a executiva da legenda recebeu pedidos de expulsão durante a campanha eleitoral, mas ainda não analisou nenhum.

O comando da sigla em Brasília disse em outubro que a medida da instância paulistana relacionada ao ex-governador era arbitrária e inócua, já que os diretórios municipais não têm competência para tomar decisões do tipo.

A assessoria do prefeito afirma que o caso de Covas é diferente do de Goldman porque, antes de pedir voto para seu tio na eleição para senador, ele consultou o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, e os candidatos da legenda ao Senado, Mara Gabrilli (que foi eleita) e Ricardo Tripoli.

Segundo a assessoria, o prefeito teve o aval dos três e manteve o apoio aos dois postulantes tucanos mesmo após gravar o vídeo em defesa do tio, que concorria na chapa de Márcio França e saiu derrotado.

Da FSP