Artigo no Financial Times prevê decepção com plano econômico de Bolsonaro

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A tentativa do governo de Jair Bolsonaro de repetir no Brasil as fórmulas usadas por Donald Trump para impulsionar a economia americana está fadada a decepcionar, segundo uma análise publicada pelo jornal de economia “Financial Times”.

O texto assinado por Yerlan Syzdykov, chefe global de mercados emergentes da gestora de ativos Amundi, desconstrói as propostas do presidente eleito e critica as apostas de investidores na possibilidade de o Brasil conseguir incorporar crescimento econômico de forma sustentável.

Segundo ele, a única coisa que de fato pode tornar a economia brasileira interessante para o mercado é uma série de reformas amplas, como a da Previdência, o que dificilmente vai acontecer por conta das dificuldades políticas no país. Até lá, diz, mesmo que o governo tente impulsionar a economia, “os mercados ficarão desapontados e pressionarão o governo a implementar profundas reformas estruturais.”

O jornal destaca que Bolsonaro parece se inspirar em Trump, que concedeu um “enorme estímulo fiscal” em seu país, equivalente a 7% do PIB, e ajudou a economia a crescer. “É improvável que Bolsonaro possa repetir o truque”, diz.

A análise aponta que o Brasil tem pouco espaço fiscal para manobrar, o que impede um estímulo como o americano. Enquanto o sistema político atrapalha o encaminhamento de reformas que ajudem a economia.

Na verdade, explica, os investidores esperam o oposto da equipe econômica de Bolsonaro. “Eles esperam reformas radicais na Previdência, que devem reduzir os pagamentos pela metade”. O problema, segundo o jornal, é que “a matemática parlamentar do Brasil sugere que será difícil”. “Dada a impopularidade dos cortes, politicamente falando, esta é uma missão impossível.”

Se o plano de Bolsonaro for de tentar melhorar a economia com privatizações e desregulamentações, também vai enfrentar problemas. “Essas medidas são pontuais e proporcionarão apenas um pequeno impulso de curto prazo ao crescimento.”

O jornal critica ainda a ideia de que a redução da máquina estatal pode fazer alguma diferença. “As iniciativas de Bolsonaro para reduzir a notória burocracia do Brasil têm sido muito modestas, não envolvendo nada além de combinar alguns ministérios”.

O tom adotado pela análise publicada pelo “FT” se alinha ao comportamento geral de analistas de mercado e investidores estrangeiros logo após a vitória de Bolsonaro nas eleições. Apesar de ter apoiado Bolsonaro, logo após a eleição o mercado internacional deixou de lado a empolgação com o Brasil, adotando uma postura de cautela.

Na avaliação publicada agora pelo jornal, o Brasil está preso a um modelo que dificulta o desenvolvimento econômico do país de forma sustentável, e os investidores que acreditaram na possibilidade de Bolsonaro alavancar a economia vão ficar decepcionados.

Do UOL