Mensagens à esposa complicam coronel golpista
Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles
Mensagens enviadas no ano passado pelo ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, desmontam a versão que ele apresentou em seu depoimento da CPMI do 8 de janeiro nesta segunda-feira (26/6). Naime alega que sua suposta fuga após a invasão da sede dos Três Poderes foi inventada por sua ex-esposa porque, na versão dele, ela ainda seria apaixonada e não aceitaria o fim do relacionamento.
Prints de conversas de WhatsApp apensados em uma queixa-crime e obtidos pela coluna, contudo, mostram que, mesmo casado com a ex-servidora do Ministério da Justiça Mariana Fiuza, Naime dizia à ex-mulher, Tatiana Lima Beust, ter “saudade” dela. A queixa-crime foi apresentada contra o ex-comandante em março, como antecipado pela coluna.
“Estou na sua antiga cidade, lembrando de você”, disse ele em 9 de março de 2022. Duas semanas depois, ele escreveu: “apesar da sua indiferença, sinto saudades”.
Meses antes, em novembro de 2021, Naime disse que “não conseguia esquecer” a ex-esposa e que, se ela quisesse, ele ainda estaria com ela.
Os prints das conversas foram anexados à queixa-crime que Beust entrou contra Naime em março deste ano, após o depoimento do ex-comandante à CPI do 8/1 da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Beust alega que Naime contou supostas mentiras em seu depoimento, mesma versão que repetiu nesta segunda-feira a deputados e senadores.
No dia 9 de janeiro, a ex-esposa de Naime registrou uma ocorrência na Polícia Civil do DF afirmando que ele, com medo de ser preso, teria planos de fugir para a Bahia com sua atual mulher e os filhos que ele teve com ela no primeiro casamento. O plano foi interrompido, segundo o depoimento de Lima, após um dos filhos do casal ter contado para a mãe sobre a viagem às pressas. A criança, de 8 anos, contou também que a madrasta, Mariana Fiuza, teria ameaçado bater neles “de cinto” caso contassem para alguém sobre a fuga.
Em seus depoimentos à CPI do 8/1 do DF e do Congresso Nacional, Naime negou que tivesse tentado fugir, alegou que teria resolvido fazer uma “viagem rápida” com os filhos e acusou Lima de não ter superado o fim do casamento. O coronel disse ainda que a ex-mulher teria invadido sua casa e agredido sua atual esposa.
Na queixa-crime, consta o depoimento de uma testemunha próxima ao casal Naime e Fiuza, no qual a pessoa afirma que o coronel iria fugir com os filhos do primeiro casamento. O documento apresenta também um laudo de exame de corpo de delito comprovando que Lima foi agredida. Segundo seu depoimento à polícia em janeiro, a atual mulher de Naime a teria agredido com uma barra de ferro.