Tarcísio prepara “frente ampla” anti-PT na eleição de 2024
Foto: Governo do Estado de São Paulo
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidiu costurar uma “frente ampla” de partidos de centro e de direita no interior de São Paulo, para evitar que o PT ou mesmo o PSol obtenham mais prefeituras nas eleições de 2024.
O governador e seus auxiliares traçaram a estratégia de mapear prefeitos de siglas de alinhamento ideológico mais próximo (como PL, PP, PSD, além do próprio Republicanos), a fim de consolidar uma aliança mais sólida com eles no próximo ano.
No entanto, a movimentação não busca cooptar os mandatários para um único partido, ao contrário do que fizeram os antecessores João Doria e Rodrigo Garcia, que buscaram filiar o máximo possível de prefeitos ao PSDB.
Tarcísio mira aliados, não siglas
Tarcísio deixou que caciques como Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PL) ficassem livres para buscar novos filiados, mas a sua maior preocupação não é com a legenda dos prefeitos e candidatos potencialmente aliados.
No entendimento do governador, para sair fortalecido das eleições municipais, é necessário assegurar que as cidades paulistas sejam comandadas por políticos liberais e de viés conservador nos costumes – como ele próprio –, independentemente da legenda.
A aliança garantirá aos candidatos o uso da imagem do governador em seus palanques, o que é visto pelo Palácio dos Bandeirantes como uma boa moeda de troca nas negociações, já que a gestão Tarcísio tem sido bem avaliada pelo eleitorado.
Além disso, pessoas próximas ao governador acreditam que Tarcísio será um dos maiores nomes da centro-direita no país, se não o principal, diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A aproximação com os prefeitos está sendo feita via cúpula dos partidos. Tarcísio, o secretário da Casa Civil, Arthur Lima, e Kassab, seu secretário de Governo, têm feito reuniões com grupos de prefeitos no Palácio dos Bandeirantes, para receber demandas, ter conversas olho no olho e estabelecer canais de diálogo para acelerar o atendimento dos pedidos das administrações municipais.
Nas duas últimas semanas, os encontros foram com prefeitos do PL e do próprio Republicanos.
Arthur Lima já recebeu convites do PP e do Republicanos, mas não pretende se filiar a nenhum partido nos próximos meses justamente para não atrapalhar o trânsito com as demais siglas.
Segundo aliados, o secretário também quer evitar que o atendimento de demandas dos prefeitos e deputados estaduais seja visto como fruto de ação política e não de Estado.
Já Kassab escalou um de seus auxiliares para ficar na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) apenas para recolher as demandas dos parlamentares. Deputados do PL e do Republicanos têm sido especialmente acionados para auxiliarem na interlocução com prefeitos do interior.
Apesar do foco estar nos quatro partidos que fazem parte do governo, o olhar também se estende para partidos como União Brasil, a federação de PSDB e Cidadania e o MDB, do prefeito da capital, Ricardo Nunes — que atende aos requisitos de ser liberal na economia e conservador nos costumes.
Entre os motivos que aproximaram Tarcísio e Bolsonaro de Nunes, está a gama de partidos que o prefeito paulistano tem aglutinado em seu palanque para o próximo ano e o risco de que a maior cidade do país eleja um nome de esquerda, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSol).
Cidadania e PSDB fariam parte das legendas mais ao centro da “frente ampla”.