Sob Lula, desemprego começa a cair
Foto: Carl de Souza/AFP
A taxa de desemprego foi de 8,3% no trimestre encerrado em maio de 2023. Segundo dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira, 30, é a menor taxa para o períododesde 2015, quando também ficou em 8,3%. O dado mostra recuo de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023. O número total desempregados é de 8,9 milhões de pessoas. “Esse recuo no trimestre foi mais influenciado pela queda do número de pessoas procurando trabalho do que por aumento expressivo de trabalhadores. Foi a menor pressão no mercado de trabalho que provocou a redução na taxa de desocupação”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio. De acordo com a metodologia do IBGE, é considerado desempegado quem não tem trabalho e está em busca de recolocação ou de entrar no mercado. Se há menos gente procurando, consequentemente, há redução no número de empregados. “Grande parte da estabilização do desemprego em patamar baixo se deve as pessoas consideradas aptas a trabalhar, mas que não estão procurando emprego. Um possível incentivo para esse movimento são os estímulos de transferência de renda por parte do governo, com contornos de renda permanente”, dizem os economistas Marco A. Caruso e Igor Cadilhac, em relatório de análise do PicPay. Um dado igualmente importante na análise do mercado da trabalho é a taxa de ocupação. O contingente de pessoas ocupadas (98,4 milhões) ficou estável ante o trimestre anterior e cresceu 0,9% (mais 884 mil pessoas) ante o mesmo trimestre do ano anterior. “Embora não tenha havido uma expansão significativa da população ocupada total no trimestre, houve algumas diferenças pontuais em algumas atividades econômicas. A maioria ficou estável, mas foi observada queda do número de trabalhadores na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-1,9%, ou menos 158 mil pessoas) e expansão Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,5%, ou mais 429 mil pessoas)”, destaca Beringuy. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado manteve-se estável tanto na comparação trimestral quanto na anual, ficando em 12,9 milhões de pessoas. Já o contingente de trabalhadores com carteira foi de 36,8 milhões, também estável no trimestre, mas com aumento de 3,5% (mais 1,83 milhão de pessoas) no ano. O contingente de trabalhadores por conta própria (25,2 milhões) também ficou estável e a taxa de informalidade foi de 38,9% da população ocupada, totalizando 38,3 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior também havia sido de 38,9% e, no mesmo trimestre de 2022, 40,1%. Outras variáveis importantes do mercado de trabalho são taxa de subutilização (que mede se o cidadão trabalha menos que sua disponibilidade) e a de desalento, em que pessoas deixam simplesmente de procurar o mercado. A taxa composta de subutilização (18,2%) caiu nas duas comparações: 0,7 p.p. no trimestre e 3,7 p.p. no ano, totalizando 20,7 milhões de pessoas subutilizadas. Houve queda na população desalentada, que ficou em 3,7 milhões de pessoas. Frente ao trimestre anterior, a redução foi de 6,2% (menos 244 mil pessoas) e, na comparação anual, de 14,3% (menos 621 mil pessoas). Com isso, também caiu o percentual de desalentados (3,4%) na força de trabalho: 0,2 p.p. no trimestre e 0,5 p.p. no ano. A população fora da força de trabalho ficou em 67,1 milhões de pessoas, um aumento de 0,6% na comparação trimestral, o que representa 382 mil pessoas a mais. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,6%, um aumento de 2,3 milhões de pessoas.
O rendimento real habitual (2.901 reais), ficou estável frente ao trimestre anterior e crescimento de 6,6% no ano. A massa de rendimento real habitual (280,9 bilhões de reais) também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas cresceu 7,9% na comparação anual. Por atividade econômicas, o cenário foi de estabilidade no trimestre, mas, entre as categorias do emprego, houve expansão no rendimento dos trabalhadores domésticos com carteira (2,9%) e queda no rendimento do setor público (-1,7%). “O aumento do contingente de trabalhadores do setor público não se refletiu em aumento de rendimento. Provavelmente, isso se deu em função de maior participação de trabalhadores sem carteira no setor e tendência de queda do rendimento mesmo entre os empregados com carteira assinada”, observa a coordenadora.