Bolsonaristas tentam tumultuar CPI do Golpe
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Os deputados da oposição, mais uma vez, atuaram pesadamente para tumultuar os trabalhos da CPMI. Em uma estratégia coordenada, interromperam indagações dos parlamentares governistas ao tenente-coronel Mauro Cid, fizeram gracejos e debocharam das perguntas, o que levou o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (Republicanos-BA), a chamar a atenção de alguns parlamentares mais de uma vez.
Os trabalhos começaram com uma cena inusitada: a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) parou na frente de Cid e bateu continência — que não retribuiu a saudação hierárquica diante de uma militar subalterna. A parlamentar é tenente da reserva do Exército e uma das mais extremadas defensoras do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a sessão, a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) foi interrompida várias vezes por, segundo os oposicionistas, ameaçar Cid caso ele não colaborasse e mantivesse silêncio. Por sinal, esse argumento foi utilizado por vários bolsonaristas, que acusaram os governistas de tentar fazer com que o militar dissesse algo por meio da intimidação.
Um dos parlamentares que se sobressaíram nas provocações foi o deputado Abílio Brunini (PL-MT), que vem se notabilizando pela postura demonstrada na CPMI. Enquanto o colega Rubens Pereira Júnior (PT-MA) dirigia as perguntas a Cid, o parlamentar matogrossense ficou filmando com o celular. Ao perceber, o petista perguntou: “O que foi, está me achando bonito?”, e tentou dar um tapa no aparelho do bolsonarista.
Brunini foi alertado pelo presidente da CPMI que estava desrespeitando o ambiente e foi obrigado a parar a filmagem que fazia. Ainda assim, ficou rindo e fingindo não entender por que estava sendo admoestado.
Mas Brunini não protagonizou apenas este momento constrangedor. Durante a fala da deputada Erika Hilton (PSol-SP) sobre o uso da farda por parte de Cid, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) a interrompeu para denunciar que o deputado o deputado bolsonarista fizera uma fala “homofóbica” fora do microfone contra a pronunciamento.
“Aconselharia que o deputado procurasse tratar sua carência em outro espaço. Este espaço é sério, de trabalho”, reagiu Érika.
“Ele (Brunini) disse que ela estava oferecendo serviços. Isso é homofobia”, denunciou Carvalho, cujo comentário foi confirmado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). O senador pediu a retirada do deputado da sessão.
Maia pediu acesso às filmagens. “Se você falou, vai ter a leitura labial e vai ser fácil que isso seja identificado. Se vossa excelência de fato agiu dessa forma, vai ter uma penalidade contra o senhor. Ela (Érika) está aqui por uma vontade da população brasileira, como todos nós”, disse Maia a Brunini.