PF procura “cômodo secreto” na casa de Zambelli
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A deputada Carla Zambelli (PL-SP) confirmou que fez pagamentos ao hacker Walter Delgatti, mas disse que os valores foram referentes a trabalhos em seu site pessoal, e não a invasões no sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para produzir um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes, do STF, ou a tentativas de fraude das urnas eletrônicas, como confessou Delgatti à PF.
A PF deflagrou hoje uma operação com busca e apreensão nos endereços da deputada após decisão de Moraes.
Zambelli negou que tenha articulado um plano de invasão das urnas com Delgatti. “Qualquer coisa a respeito de urna e eleições, não teve. Os pagamentos foram relacionados a fazer firewall e ligar minhas redes ao site, e [Delgatti] disse que não conseguiu realizar essa tarefa”, disse a parlamentar em uma coletiva na Câmara dos Deputados.
Ela também afastou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de responsabilização ao dizer que o encontro entre ele e Delgatti foi mediado por ela. “Se tiver qualquer coisa envolvendo Walter Delgatti, Carla Zambelli que responde”, declarou.
Eu pagaria R$ 3 mil pra me arriscar dessa forma, para fazer uma brincadeira de mal gosto? Eu sei o que é certo ou errado e não participaria de uma brincadeira de mal gosto com Alexandre de Moraes.
Carla Zambelli em coletiva de imprensa
Zambelli citou R$ 3 mil, mas, segundo a PF, foram pagos R$13,5 mil ao hacker, que teria delatado à PF que o valor era referente aos pedidos de Zambelli para inserir um falso mandado de prisão contra Moraes.
Em nota, a defesa da deputada confirmou o cumprimento dos mandados e disse que ela se colocou à disposição para fornecer as informações necessárias.
A parlamentar “respeita a decisão”, mas refuta ter particidado de “qualquer ato ilícito”, completa a nota dos advogados.
A Deputada Carla Zambelli aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência.
Defesa de Carla Zambelli, em nota à imprensa
Walter Delgatti foi preso preventivamente na manhã de hoje em Araraquara, no interior de São Paulo.
Moraes determinou que a PF recolha armas, computadores, tablets e o passaporte de Carla Zambelli em todos os endereços relacionados à deputada. O ministro do STF também pediu que a PF averiguasse se há cômodos secretos nos locais.
A PF investiga a atuação de Zambelli e Delgatti na invasão aos sistemas do CNJ e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão).
Delgatti e Zambelli conseguiram invadir os sistemas do CNJ e BNMP usando credenciais falsas obtidas de forma ilícita entre 4 e 6 de janeiro de 2023.
Foi inserido um mandado de prisão falso contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que dizia: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”.
Também foram inseridos 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos nos sistemas do CNJ e de outros tribunais do Brasil.
Delgatti já admitiu que ele foi o autor da invasão ao CNJ e do falso mandado de prisão contra Moraes a pedido de Carla Zambelli. A invasão seria uma espécie de prêmio de consolação para a deputada, que queria, na verdade, que ele hackeasse as urnas eletrônicas e as contas de Moraes.