Bolsonaro usava celular uma vez e descartava
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A Polícia Federal suspeita que o ex-presidente Jair Bolsonaro usava diferentes aparelhos para se comunicar. A hipótese é considerada desde maio, quando a PF fez uma operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente no bairro do Jardim Botânico, em Brasília, no âmbito do inquérito que investigava a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19. O celular apreendido à época não tinha senha, o que chamou atenção dos investigadores.
Na terça-feira, Bolsonaro foi intimado a depor à PF no âmbito da investigação sobre um grupo de empresários que discutiu um golpe de Estado por WhatsApp.
Em uma das conversas interceptadas, Bolsonaro pediu a um empresário para “repassar ao máximo” uma mensagem que insinuava, sem provas, uma fraude do TSE nas eleições do ano passado, e ainda continha ataques ao ministro do STF, Luís Roberto Barroso.
A mensagem foi enviada ao empresário Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, em junho do ano passado, por um contato identificado como “Pr Bolsonaro 8” — que a PF afirma ser do ex-presidente e aponta para a hipótese de que o presidente usava mais de um aparelho.
O texto afirmava que Barroso cometeu “interferência” e “desserviço à democracia” por atuar contra a adoção do voto impresso.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro confirmou ter enviado essa mensagem em entrevista à “Folha de S. Paulo”, durante um voo de Brasília a São Paulo.
— Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do STF e então presidente do TSE Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso — afirmou Bolsonaro.