Bolsonarismo adota negacionismo sobre delação de Cid

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Foto: Agência Brasil e André Coelho / Folhapress

O entorno de Jair Bolsonaro tem repetido incessantemente uma afirmação feita por Fábio Wajngarten logo que se soube, na semana passada, que Mauro Cid havia fechado um acordo de delação premiada com a PF: “Não há o que delatar”.

Como não? A pergunta é feita por qualquer interlocutor que ouve um desses aliados próximos reproduzir a frase de Wajngarten.

Afinal, não faria sentido Alexandre de Moraes ter homologado a proposta de colaboração se nela não tivesse elementos mínimos que possam resultar em avanços nas três investigações ora em curso: a da falsificação dos certificados de vacinação, o caso da venda das joias e as tratativas para um golpe de estado.

Para um assessor muito próximo de Bolsonaro, Cid vai confessar que fraudou os cartões de vacinação sem ter recebido qualquer ordem do ex-presidente para isso. Em relação aos presentes, vai repetir o que a defesa de Bolsonaro tem sustentado, ou seja, que aqueles bens eram “itens personalíssimos” e, portanto, não precisavam ser incorporados ao acervo da Presidência da República.

E quanto ao documento conhecido como “minuta do golpe”, que faria parte de uma articulação para o rompimento da normalidade democrática?

Parece claro a todos que acompanham as investigações que este é o ponto mais sensível de todos. Os aliados de Bolsonaro, contudo, insistem que Cid não terá como provar nada neste tópico. Diz um desses auxiliares:

— O presidente até já ouviu propostas golpistas. Mas rechaçou todas. Ele nunca concordou com esse tipo de movimento.

Os próximos capítulos dirão que tipo de propostas Bolsonaro ouviu. Quando elas foram feitas. Em que condições e que local (em reuniões no Palácio da Alvorada?). E o que efetivamente o ex-presidente respondeu. A palavra agora é de Mauro Cid, o ex-faz-tudo da Presidência agora tornado delator.

O Globo