PGR teme punição por acobertar Bolsonaro
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Já faz algumas semanas que o procurador-geral da república, Augusto Aras, perdeu as esperanças de ser reconduzido ao cargo por mais dois anos por Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente da República, que prevê escolher o substituto de Aras na PGR nos próximos dias, já adiantou que vai optar entre os subprocuradores Paulo Gonet, que também é vice-procurador eleitoral, e Antonio Bigonha. Gonet é o candidato de Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e Bigonha é apoiado pelo PT.
Mas Aras, que teve inicialmente o apoio de parlamentares petistas da Bahia, não se considerou necessariamente derrotado. Isso porque, segundo seus aliados no Judiciário, ele tinha um segundo objetivo além de cavar uma recondução: obter, nas conversas com o PT, a garantia de que não será perseguido pelo governo ao longo dos próximos anos.
Motivos não faltariam, caso se pretendesse investigar a fundo a atuação (ou a omissão) de Aras – na pandemia, no próprio Ministério Público ou até em relação aos esforços de Jair Bolsonaro para minar a credibilidade do sistema eleitoral –, seja pelo Congresso ou pela Polícia Federal, ou mover algum processo pela Advocacia-Geral da União de Lula.
Até mesmo a leniência em relação aos bloqueios nas estradas após a derrota de Bolsonaro nas urnas – que Aras chamou de “rescaldo indesejável, porém compreensível”, apesar dos apelos dos procuradores da República para que tomasse uma atitude – poderiam ser alvo de alguma ação.
Apesar disso, há no PT uma boa vontade com o atual PGR, por sua atuação contra a Lava-Jato. E por isso Aras já recebeu o aceno do governo de que não haverá, da parte de Lula, nenhuma ordem ou gesto nos bastidores para que tirem sua paz depois do final do mandato.