Programa do PT para Segurança ainda será adotado
Fundador do PT e uma das principais referências do partido sobre segurança pública, Benedito Mariano diz que até o momento não foi aplicado o programa de governo da área prometido na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Benedito Mariano, secretário de Segurança de Diadema e ex-ouvidor das polícias de SP – Rogério Pagnan/Folhapress
“O Ministério da Justiça tem que levar em conta o programa que foi aprovado pela população. Grande parte do que está lá eu não vi nesses nove meses”, diz Mariano, que foi um dos coordenadores da parte de segurança do programa de Lula no ano passado. Ele já havia exercido a mesma função em 2002, quando o petista venceu sua primeira eleição presidencial.
Mariano também foi ouvidor das polícias de São Paulo e atualmente é secretário de Segurança de Diadema, cidade administrada pelo PT que conseguiu reduzir drasticamente os índices de violência nos últimos 30 anos.
A primeira medida, diz ele, seria recriar o Ministério da Segurança Pública, tirando-o da alçada da Justiça, como chegou a ser prometido pelo próprio Lula na campanha.
“Ter um ministério é importante porque dá centralidade para a questão. A Justiça tem muitas outras frentes importantes. A segurança, pela sensibilidade do tema, merece uma pasta exclusiva”, afirma.
Isso, diz Mariano, não tem nada a ver com a possível ida do ministro Flávio Dino, contrário à divisão, para o STF. “É uma posição que estava expressa muito antes dessa possibilidade surgir”, afirma.
Se o Ministério da Segurança tivesse sido implantado, acredita Mariano, situações como a da Bahia teriam tido uma atenção maior do governo federal. O estado, governado pelo PT, tornou-se campeão nacional de letalidade policial, o que virou uma fonte de desgaste para o partido.
“Tem que ter uma lógica diferente de policiamento na Bahia. É inaceitável 60 mortes pela polícia em um mês”, diz Mariano.
Um foco importante, afirma, seria o policiamento comunitário, que ele também não vê nas ações para a área propostas pelo ministério. “A política de segurança deve ter como eixo central a questão do antirracismo”, diz.
Nesta segunda-feira (2), a pasta vai lançar um programa para o enfrentamento ao crime organizado. “Torço para que esse plano seja consistente. É positiva a ênfase no combate à lavagem de dinheiro nos portos, por exemplo. Mas não vi referência a policiamento de proximidade, e isso é fundamental”, afirma.
Mariano critica a falta de autocrítica do ministério, especialmente a do secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, que tem bloqueado perfis de ativistas e jornalistas.
Na semana passada, Cappelli disse que não se combate o crime com rosas. “Lastimável a fala dele, fortalece a narrativa da direita que leva à violência sistemática”, afirma.
Mariano elogia a possível ida de Dino para o STF. “Flavio Dino é um grande quadro, um dos maiores do Brasil. Teve uma grande iniciativa para reduzir a força do bolsonarismo, mas não vi ainda uma política de segurança pública”, diz.
Ele também diz que a política de segurança tem de ser
Folha de SP