Especialistas afirmam que posse dará ‘choque de realidade’ nos Bolsonaro
A última semana útil do ano termina com dúvidas sobre como o futuro governo enfrentará a vida real de Brasília. Segundo especialistas ouvidos por EXAME, um choque de realidade aguarda a equipe de Jair Bolsonaro. O comportamento do clã e declarações de seus aliados têm colocado o novo governo em diversas saias justas.
É o caso dos recorrentes incidentes diplomáticos com a China, França, Egito, Cuba e Venezuela e do mal-estar causado no Legislativo com a fala do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que defendeu dar uma “prensa” no Congresso para os parlamentares aprovarem a reforma da Previdência. O que Jair Bolsonaro e sua equipe têm aprendido é que governar exige muito diálogo, concessões e conhecimento da máquina pública.
Por isso mesmo, o presidente eleito — que escolheu abandonar o presidencialismo de coalizão e dar prioridade às bancadas temáticas — decidiu se reunir com líderes dos partidos de modo a tentar conquistar o apoio das legendas. Saiu dos encontros com a possibilidade de futuros acordos. Mas a oposição já formou uma coalizão: PDT, PSB e PCdoB formaram um bloco para “barrar retrocessos que sejam pautados na Câmara”, segundo nota divulgada ontem no site O Antagonista.
O que está fora da esfera do toma-lá-dá-cá e pode ser um verdadeiro problema para a gestão Bolsonaro é a investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ligado ao ministério da Fazenda, que identificou movimentações atípicas no valor de 1,2 milhão de reais na conta corrente de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz
Queiroz não compareceu ao depoimento no Ministério Público Estadual no Rio onde era esperado na tarde de quarta-feira, 19. O depoimento foi remarcado pela Procuradoria-Geral da Justiça para esta sexta-feira, 21. Os problemas do clã não terminam com Queiroz. A filha dele, Nathalia, que também foi lotada no gabinete de Flávio e de Jair, teria atuado como personal trainer em período integral enquanto recebia salário como servidora.
Outro ponto que pode trazer dor de cabeça para o presidente eleito é como deve lidar com sindicatos e associações que já estão se articulando para evitar que haja demissão de servidores públicos com a junção de ministérios e secretarias. Ao todo, serão 22 pastas, sete a menos que no governo de Michel Temer. Segundo o novo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a nova gestão vai cortar 20.000 postos do Executivo no dia da posse para tentar reequilibrar as contas públicas.
A vida real de Bolsonaro e sua equipe começa no dia 1 de janeiro.
Da Exame