Bolsonaro tenta atrair PSDB com cargos
Futuros ministros e integrantes do PSL, partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, estiveram recentemente com o senador tucano Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do partido, para discutir a eleição no Senado e apoio à política econômica do novo governo. Na semana passada, o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) esteve no gabinete de Tasso para conversar sobre a eleição para a presidência da casa – o tucano é um dos seis pré-candidatos na disputa. Antes de Olímpio, passaram por lá a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que será o responsável pela articulação política no Congresso.
Além da aproximação com o núcleo político, nomes da equipe econômica foram atrás de Tasso. O futuro presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o secretário de Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que também vai compor a equipe de Paulo Guedes, pediram um encontro com o senador e estiveram com ele há cerca de 15 dias para tratar de pautas econômicas.
A nova equipe quer o apoio de Tasso para a aprovação no Congresso das reformas e das medidas do ajuste fiscal – o Senado analisa projetos com impacto orçamentário como o da cessão onerosa. Nas eleições para as presidências das duas casas do Congresso, Guedes vê com bons olhos nomes que defendam a política econômica do futuro governo – já elogiou, por exemplo, Rodrigo Maia (DEM), que tenta a reeleição na presidência da Câmara.
Tasso é um dos seis pré-candidatos à presidência do Senado. O PSL, que terá apenas quatro senadores, busca nomes alternativos ao do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que está na disputa. Renan tem o apoio do PT e é considerado hostil ao Palácio do Planalto. Na quarta-feira, o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, concedeu uma liminar num mandado de segurança impetrado pelo senador Lasier Martins (PSD-RS) determinando que a votação para escolher o futuro presidente do Senado seja aberta. A decisão tende a dificultar a vida de Renan, já que o Senado teve alto índice de renovação, e os senadores novatos resistiriam a apoiar o peemedebista, alvo de investigações na Lava Jato.
Em passagem por um almoço da bancada do PSDB no Senado, Onyx chegou a dizer que não havia “resistências” ao nome de Tasso na disputa, mas que o Palácio do Planalto não pretendia intervir na escolha – pelo menos não por enquanto. O futuro ministro da Casa Civil também é próximo de Davi Alcolumbre (DEM-AP) e o vê como uma boa opção a Renan. Em outra frente, Major Olímpio esteve com outros dois pré-candidatos, Álvaro Dias (Pode-PR) e Espiridião Amin (PP-SC), há cerca de 15 dias.
Embora setores do PSDB defendam o distanciamento em relação à gestão de Bolsonaro, já há quatro tucanos indicados para postos no Executivo: o ex-deputado Julio Semeghini (SP) será secretária-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia; o deputado Floriano Pesaro (SP) vai assumir a Secretaria Nacional de Assistência Social; Danilo Fortes (CE) integrará a articulação política sob Onyx e a pediatra e ex-candidata ao Senado Mayra Pinheiro (CE) será responsável pelo programa Mais Médicos. O ex-candidato ao governo do Ceará General Theóphilo, que desfiliou-se do PSDB recentemente, ocupará a Secretaria Nacional de Segurança Pública.