Para relator da ONU, vídeo do Planalto defendendo o golpe de 1964 é inaceitável

Todos os posts, Últimas notícias

O relator da ONU para a Promoção da Verdade, Justiça e Reparação, Fabián Salvioli, considera que a decisão do Palácio do Planalto de divulgar um vídeo que defende o golpe de estado de 1964 é “um retrocesso inaceitável”.

Neste domingo, os canais oficiais do Palácio do Planalto distribuíram um vídeo que justifica a tomada de poder pelos militares. “O Exército nos salvou”, diz o narrador do vídeo. “O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história”, insiste.

Neste domingo, o golpe de estado completa 55 anos. Mas, além de recomendar que a fosse comemorada nos quartéis, a Presidência também enviou sua mensagem, por meio do vídeo (abaixo).

https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1112297862417797120?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1112297862417797120&ref_url=https%3A%2F%2Fjamilchade.blogosfera.uol.com.br%2F2019%2F03%2F31%2Fdivulgacao-de-video-defendendo-golpe-e-inaceitavel-diz-relator-da-onu%2F

Para Salvioli, o gesto adotado pela presidência é ainda “uma ofensa contra as vítimas que ainda não foram reparadas”.

Na sexta-feira, a relatoria da ONU já tinha pedido que Jair Bolsonaro reconsiderasse sua recomendação de realizar uma “comemoração adequada” do golpe militar, ocorrido contra a democracia brasileira em 1964.

Salvioli não poupou críticas ao governo. Num raro gesto, ele chegou a qualificar a iniciativa do presidente de “imoral”.

“O Brasil deve reconsiderar planos para comemorar o aniversário de um golpe militar que resultou em graves violações de direitos humanos por duas décadas”, disse o comunicado da relatoria da ONU.

Por telefone, Salvioli confirmou ao blog que enviou uma carta ao governo brasileiro, solicitando que a comemoração fosse reconsiderada. Mas sequer recebeu uma resposta.

Ele ainda indicou que, ao comemorar o golpe, o Brasil está violando seus próprios compromissos internacionais na esfera dos direitos humanos.

Do UOL