Militares atiraram mais de 200 vezes em ação que matou músico e catador
O tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo atirou 77 vezes com um fuzil durante a ação que terminou com as mortes do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. O oficial comandava a patrulha na ocasião.
A informação foi revelada pela ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, do Superior Tribunal Militar (STM), durante julgamento de um pedido de habeas corpus feito pela defesa dos acusados. De acordo com um laudo pericial, elaborado pelo Exército e lido pela ministra, os nove militares, que atualmente estão presos, fizeram mais de 200 disparos com fuzis no dia das mortes. Desse total, 83 atingiram o carro onde estavam Evaldo e sua família.
O julgamento do habeas corpus foi interrompido na noite desta quarta-feira após o ministro José Barroso Filho pedir vista do processo. Até o pedido, quatro ministros votaram pela soltura dos acusados. Somente Maria Elizabeth Rocha votou contra a liberdade.
O habeas corpus vai voltar ao plenário em até dez dias. Outros dez ministros ainda vão votar. Até lá, os militares vão permanecer presos.
Para embasar seu voto, a ministra citou depoimentos de vítimas, de testemunhas e dos próprios militares, além de laudos periciais. Segundo Rocha, outro militar da patrulha fez 54 disparos e três soldados atiraram 20 vezes cada um.
Um laudo pericial feito no local do crime revela que, além do carro onde estava a família, também foram atingidos por tiros um muro, outros dois veículos estacionados perto do local, um bar e um prédio próximos. Evaldo foi atingido por nove disparos, sendo três na cabeça. Luciano foi baleado três vezes pelas costas. A ministra classificou a ação de “desmedida e irresponsável”.
Do Extra