Novo gestor do Sebrae aposta nas Micro e pequenas empresas contra desemprego
Para o novo diretor-superintendente do Sebrae de São Paulo, Wilson Poit, sua biografia como empreendedor de sucesso será seu diferencial na entidade.
Ele foi eleito para o cargo no final de abril, após interferência do governador João Doria (PSDB), quando o conselho deliberativo do Sebrae de São Paulo destituiu o titular anterior ligado ao ex-governador Márcio França (PSB).
Poit foi secretário de Desestatização da gestão Doria na prefeitura. Ele assume no lugar de Luis Sobral, que havia sido presidente da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) na gestão França.
“Tive cinco empresas, algumas andavam de lado. A última fez muito sucesso. Posso ajudar até com depoimentos pessoais para inspirar não só a equipe do Sebrae como os empreendedores”, diz Poit, que fundou a Poit Energia, de locação de geradores, em 1999, e vendeu em 2011 para a líder mundial do setor por R$ 400 milhões.
Poit evita comentar sobre as circunstâncias políticas da troca e a judicialização do caso. Ele diz apenas que foi convidado para assumir o posto e aceitou a oportunidade.
A destituição de Sobral com apenas quatro meses de mandato foi parar na Justiça. O então superintendente pediu para se manter no cargo sob decisão liminar, mas o pedido foi recusado em primeira instância.
Nos planos de Poit para o Sebrae está a expansão de espaços de compartilhamento pelo interior do estado. Ele diz acreditar que o impulso a micro e pequenas empresas vai contribuir para a redução do desemprego.
“Outro ponto que deve ser potencializado pelo Sebrae em conjunto com o governo João Doria é o microcrédito. Tem muita gente desempregada sonhando em ter negócio próprio. Acredito muito que os empregos de que o Brasil e São Paulo precisam hoje vão ser gerados pelas micro e pequenas empresas.”
Wilson Poit, novo diretor-superintendente do Sebrae de São Paulo
O que a sua chegada ao Sebrae de São Paulo traz de novo?
Uma novidade boa é o Sebrae ter um superintendente que é empreendedor, passou por altos e baixos. Tive cinco empresas, nem todas fizeram sucesso, andavam de lado. A última fez muito sucesso. Posso ajudar até com depoimentos pessoais para inspirar não só a equipe do Sebrae como os empreendedores. A notícia é essa: estive do outro lado do balcão por muitos anos e fui ajudado pelo Sebrae e pela Endeavor. É quase uma retribuição.
Essa é uma crítica aos gestores anteriores do Sebrae?
Não é uma crítica. Eu admiro muito o Sebrae.
O seu perfil é novo?
Acho que sim.
E não se compara ao perfil dos superintendentes anteriores?
Mas sem nenhum demérito. Foram as gestões deles que me ajudaram bastante.
Vai haver alguma parceria ainda inédita com a Endeavor?
Endeavor e Sebrae me ajudaram muito juntos e devem continuar caminhando juntos. Ainda é cedo. Estou na primeira semana de trabalho. Estou ouvindo muito. Mas o que eu posso falar de planos para o futuro é que o Sebrae deve dar uma escala muito maior em investimento para acelerar negócios e espaços de compartilhamento coworking. O Sebrae já tem espaços de coworking, como se vê muito em São Paulo, e deve apostar mais em espaços em São Paulo e no interior para permitir muito mais startups.
Outro ponto que deve ser potencializado pelo Sebrae em conjunto com o governo João Doria é o microcrédito. Tem muita gente desempregada sonhando em ter negócio próprio.
Eles precisam ter orientação e microcrédito. Acredito muito que os empregos de que o Brasil e São Paulo precisam hoje vão ser gerados pelas micro e pequenas empresas. As grandes estão mais robotizadas e globalizadas. O maior incremento de empregos vai acontecer no segmento de micro e pequenas.
Essa troca do seu cargo acontece com o pano de fundo da interferência do governo. Como o senhor avalia isso?
Eu prefiro não falar porque não acompanhei. Eu recebi um convite para voltar e justamente alinhado com a minha história. Fui convidado por alguns conselheiros do Sebrae. O Tirso Meirelles é o presidente do conselho. E percebi que teria o apoio do governador João Doria e da secretária Patricia Ellen, que foi uma grande apoiadora e conhece a minha história desde a Endeavor.
Isso me motivou a aceitar porque acho que está bem alinhado com esse meu momento. Detalhes políticos eu não sei. Vou fazer de tudo para ajudar os empreendedores como me ajudaram no passado.
Jornalista, Joana Cunha é formada em administração de empresas pela FGV-SP. Foi repórter de Mercado e correspondente da Folha em Nova York.
Da FSP