“Tirar o Coaf da Justiça quebra as pernas de Moro”, diz Major Olimpio, fazendo defesa de ministro
Um dia depois das manifestações pelo país e um dia antes da votação da medida provisória que define a estrutura do governo Jair Bolsonaro (PSL), o líder do PSL no Senado, Major Olímpio(SP), insiste em que a Casa faça alterações no texto para devolver o Coaf ao Ministério da Justiça.
Mesmo que a alteração na versão que saiu da Câmara eleve o risco de a MP caducar e o governo sair dos 22 ministérios e retornar para as 29 pastas da gestão Michel Temer, Olímpio diz que vai liberar sua bancada na votação desta terça-feira (28), mas apoiará o destaque para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras volte para o guarda-chuva do ministro Sergio Moro.
“Quebra as pernas dele tirar o Coaf de lá”, disse Olímpio na tarde desta segunda-feira (27).
Para o senador, manter o Coaf com Moro deixa o órgão mais próximo à estrutura da Polícia Federal, o que, segundo sele, garante um funcionamento mais ágil.
Em seu primeiro dia como presidente, Bolsonaro tirou o Coaf do extinto Ministério da Fazenda e levou o órgão que atua na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro para a pasta da Justiça.
Uma comissão especial de deputados e senadores alterou o texto da MP e levou o Coaf para o Ministério da Economia. Na semana passada, a Câmara manteve esta decisão.
Devolver o órgão para Moro tornou-se uma das principais bandeiras das manifestações a favor do governo que ocorreram neste domingo (26) em todo o país.
Na quinta-feira (23), Bolsonaro usou uma de suas lives na internet para defender que o Senado não mude o texto aprovado pela Câmara.
A medida provisória da reforma administrativa, que precisa ser aprovada até 3 de junho, visa confirmar a estrutura do governo implantada pelo presidente no começo do ano.
O destaque para alterar este trecho da MP foi apresentado pelo senador Alvaro Dias (Pode-PR) e, segundo Olímpio, até sexta-feira (24), antes das manifestações, contava com 30 votos, menos que o necessário para aprovar uma alteração em votação nominal.
Nesta segunda, senadores foram à tribuna defender a alteração.
“Amanhã [terça-feira], a gente vai dar uma resposta. Voltando para a Câmara, eu tenho certeza de que muitos que votaram lá para tirar do Ministro Sergio Moro o Coaf, com o que aconteceu no final de semana, pressão direto, não só física, mas nas redes, muitos vão repensar o seu voto e deixar como o governo colocou. O governo tem o direito de colocar o organograma que quiser”, discursou o senador Eduardo Girão (Pode-CE).
Indagado sobre o apelo feito pelo presidente para que seus aliados no Senado aprovassem o texto da maneira que saiu da Câmara, para evitar que caduque, Major Olímpio se mostrou irredutível e disse que o risco sempre existe.
“O presidente pode abrir mão de um direito. Eu não posso abrir mão de uma obrigação. Todos os dias estamos aqui, com a compressão de tempo, votando medidas provisórias. Se a Câmara não quiser [votar um texto alterado], a Câmara responda para a sociedade, cada um na medida de sua responsabilidade”, afirmou.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), terá uma reunião com o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) no final desta tarde para traçar uma estratégia de atuação.