Famoso autor britânico ri de fobia de Damares contra Frozen

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Desde que o mundo foi criado, a humanidade acredita que o fim está próximo. “Good omens ”, série de seis episódios da Amazon disponível para assinantes a partir desta sexta-feira, transforma isso numa certeza e apresenta como resposta ao apocalipse o humor britânico. Adaptação do livro publicado por Terry Pratchett e Neil Gaiman em 1990, a produção tem roteiro do próprio Gaiman, que adaptou a obra para a TV após um pedido feito por Pratchett um pouco antes de morrer, em 2015.

Na trama, a chegada do anticristo à Terra, na forma de um bebê humano, prenuncia que o final do tempos está a caminho. O fato, porém, não agrada ao demônio Crowley (David Tennant) e ao anjo Aziraphale (Michael Sheen). Ambientados à vida terrestre, cada um à sua maneira (Aziraphale é um admirador de sushi, enquanto Crowley se diverte com diatribes como tirar do ar a rede de celulares dos londrinos), os dois resolvem se aliar para evitar que o mundo acabe. A solução encontrada por eles é acompanhar de perto a criação do “bebê-anticristo”, na expectativa de que ele cresça como uma criança normal. Mas uma troca de bebês na maternidade faz com que a dupla acabe cuidando da criança errada.

— O fato deles terem passado um tempo na Terra os conectou de uma forma diferente. Eles se misturam e vão ficando mais parecidos conforme o tempo passa. Eles precisam um do outro, acabam se tornando codependentes. É um casal estranho — resume Tennant, que retorna à TV após deixar saudades como o vilão Kilgrave em “Jessica Jones”, da Netflix.

Embora seja a química entre Tennant e Sheen que garanta boa parte do charme da série, outros nomes ainda abrilhantam o elenco. Miranda Richardson vive a médium Madame Tracy, e Nick Offerman (o Ron Swanson de “Parks and recreation”), é o diplomata americano cujo lar supostamente receberia o bebê demoníaco. A voz do Diabo é de Benedict Cumberbatch, enquanto a de Deus, que narra todas as trapalhadas de Crowley e Aziraphale, ficou a cargo de Frances McDormand.

Outra adição luxuosa ao elenco é Jon Hamm. Depois de viver o amargurado e sedutor publicitário Don Draper em “Mad men”, o ator de 48 anos se diverte no papel do Arcanjo Gabriel. Mencionado apenas de passagem no livro original,o chefe de Aziraphale cresceu na trama para garantir mais dores de cabeça ao protagonista.

—O que faz (o arcanjo Gabriel) engraçado é que ele é aquele tipo de pessoa que sempre tem certeza de que está correto, e normalmente está errado. Conhecemos pessoas assim na nossa vida, sejam nosso chefes, nosso pais, qualquer tipo de autoridade que tem essa capacidade de ser tão experiente e ao mesmo tempo tão ridiculamente errada — descreve Hamm, para quem a religião não deve escapar da mira do humor.

— Há muito para se satirizar em religiões, porque elas se baseiam em certezas. Toda religião se apresenta como se fosse o único jeito certo e acredita que todas as outras estão erradas. E eu acho que a verdade é que todas estão um pouco erradas e um pouco certas.

Escritor best seller de livros e quadrinhos de fantasia, o britânico Neil Gaiman se surpreendeu dias atrás quando foi alertado por um fã que uma de suas ilustrações tinha encontrado um destino inusitado: uma pregação da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves. Em um vídeo de 2018 que viralizou este mês, Damares afirmava que Elsa, a princesa do desenho da Disney “Frozen”, era lésbica.

Para tentar provar o ponto, Damares apresentou um desenho de um livro escrito por Gaiman, em que duas princesas se beijavam. Ilustrado por Chris Riddell, “A bela e a adormecida”, foi publicado no Brasil pela Rocco Jovens Leitores, selo voltado para adolescentes e jovens adultos. Na cena, quem aparece são Bela Adormecida e a Branca de Neve. A obra não tem nenhuma relação com o universo de princesas da Disney.

— Eu adoro o Brasil, muito, desde a primeira vez que o visitei. Espero que o Brasil supere suas dificuldades, que incluem ministros que são incapazes de diferenciar “Frozen” de quadrinhos de Neil Gaiman. Mas, honestamente, acho que esse é o menor dos problemas de vocês atualmente, que a ministra não saiba diferenciar duas obras — comentou o escritor.