PM preso assume em depoimento que está tumultuando caso Marielle
O policial militar Rodrigo Jorge Ferreira admitiu ter mentido ao incriminar o miliciano Orlando Curicica como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ferreirinha, como é conhecido, foi preso hoje em uma operação do MP (Ministério Público) do Rio.
Em depoimento à PF (Polícia Federal) anterior à operação de hoje, o PM confessou que prestou falso testemunho com o objetivo de se vingar de Curicica, que havia tomado sua central clandestina de TV a cabo em uma área da zona oeste do Rio. A informação foi confirmada ao UOL por fontes ligadas ao inquérito da PF.
De acordo com a advogada Camila Nogueira, Ferreirinha admitiu o falso testemunho por se sentir pressionado pelos agentes federais. A PF concluiu que Ferreirinha e sua advogada fazem parte de uma organização criminosa que tem como objetivo de impedir a elucidação do Caso Marielle. A defensora nega ter cometido qualquer ato ilegal.
Ferreirinha disse à PF ter procurado o ex-inspetor da Polícia Civil, Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho. Este ex-policial civil é considerado um inimigo de Curicica pela disputa do controle de uma milícia, de acordo com a PF.
Em seu depoimento, o PM afirma que Jorginho o apresentou ao agente federal aposentado Gilberto Ribeiro da Costa e ao delegado da PF Hélio Khristian Cunha de Almeida. Este último foi responsável por levar Ferreirinha para prestar depoimento à DH (Delegacia de Homicídios da Capital), órgão da Polícia Civil do Rio que investiga a morte da vereadora e do motorista.
Por sua vez, Gilberto Ribeiro da Costa trabalhou no gabinete do conselheiro afastado do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Domingos Brazão, que também exerceu quatro mandatos de deputado estadual pelo MDB. Brazão também é investigado por envolvimento no caso.
Tanto Gilberto, como Hélio Khristian e Brazão negam ter cometido quaisquer atos para atrapalhar a investigação.
PF sugere continuar investigação
A versão apresentada por Ferreirinha praticamente isenta de responsabilidade os demais citados na investigação, porém não foi totalmente aceita pelos membros do MP do Rio e da PF.
Por essa razão, no relatório enviado à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a PF sugere a continuação do trabalho, segundo apurou o UOL.
A PF apontou o indiciamento de alguns investigados, mas as promotoras do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP do Rio) aguardam a chegada de documentos relacionados às quebras de sigilo de telefone e buscas na internet dos suspeitos para concluir a denúncia.
De Uol