Vergonhoso: capas dos grandes jornais dão escândalo de Moro em notinhas de canto
Ontem, The Intercept Brasil apresentou evidências de que, levadas a sério, demolem a Lava Jato – que, por sua vez, é um dos pilares nos quais se assentaram o golpe de 2016, a vitória de Bolsonaro e todos os retrocessos associados a ambos.
As notas lançadas ainda ontem pelos implicados (MPF do Paraná e Sérgio Moro), evasivas e cheias de indignação hipócrita, reconhecem o essencial: o material divulgado é autêntico.
As reportagens do The Intercept Brasil certamente estão entre os pontos mais altos da história do nosso jornalismo.
E o que fazem os três jornalões hoje? Escolhem assuntos aleatórios para suas manchetes principais, colorem as capas com fotos da seleção brasileira (com destaque para a feminina, já que a ordem é ser “moderno”) e esvaziam o caso da Lava Jato o quanto podem.
São pequenas chamadas de capa, com destaque muito abaixo da importância do tema. Trata-se, afinal, de um conjunto de revelações com potencial para redefinir os rumos da república.
Não é por outro motivo, aliás, que os jornalões desidratam sua cobertura. Eles foram e continuam sendo cúmplices da trama.
Folha e Globo enunciam uma das acusações mais graves, a de conspiração entre procuradores e juiz, mas se afastam dela com um “diz site”. Como se fosse uma acusação qualquer, lançada sem provas. O “site” – que é um respeitado site de jornalismo – não “diz”, quem diz são os diálogos que o site revelou e que os próprios implicados não contestam.
Já o Estadão, ainda mais impudico, chama para a capa não o fato, mas a reação das autoridades ao fato. O problema não é a conspiração, mas a denúncia dela.
A imprensa brasileira, além de tudo, é demasiado previsível.
Do Facebook