Pelo histórico, Moro é quem não deveria confiar 100% em Bolsonaro
Em quase seis meses de governo, está evidente que o presidente Jair Bolsonaro realmente nada entende de economia, pouco faz para melhorar a articulação política e tem gastado tempo com temas secundários (ou bobagens mesmo).
Mas isso não surpreende quem acompanhava o Bolsonaro deputado. O que talvez quase ninguém conhecia era essa faceta dele: ao fabricar crises desnecessárias, não encara as origens de cada uma e os assessores envolvidos. A opção mais fácil é fritá-los publicamente.
Bolsonaro cobra fidelidade de seu time, mas dá gestos de deslealdade quando a coisa aperta. Joaquim Levy não tinha outra saída que não fosse largar o BNDES ao ouvir pela imprensa a ameaça destemperada e desrespeitosa do chefe da República.
Bolsonaro anunciou em um café da manhã com jornalistas que demitiria, três dias depois, Ricardo Vélez da Educação. O mesmo fez na última sexta-feira (14), quando informou, em um encontro com repórteres que cobrem o Planalto, que decidira exonerar o presidente dos Correios, o general Juarez Cunha.
Bolsonaro já havia dado sinais de descompromisso com a liturgia nas relações com sua equipe no episódio que levou à queda de Gustavo Bebianno da Secretaria da Presidência.
Não bastasse a maneira escapista para lidar com as crises, saltam aos olhos os argumentos usados pelo presidente para demitir dirigentes.
No caso da queda de Levy, a birra deu-se por causa da nomeação de um diretor que havia atuado no BNDES nos tempos de governo petista.
O comando dos Correios será trocado porque na cabeça de Bolsonaro o general Juarez Cunha atua como um “sindicalista”. Qual o pecado dele? Ter tirado foto com parlamentares de esquerda e afirmado que não haverá privatização na empresa.
No sábado (15), Bolsonaro voltou a defender Sergio Moro (Justiça), ferido pelo vazamento dos graves diálogos com a Lava Jato, mas disse não confiar 100% no seu ministro. Pelo histórico recente, Moro é quem não deveria acreditar 100% no patrão.
Da FSP